Título: Ipea aponta peso de gastos sociais e juros
Autor: Beck, Martha; Rodrigues, Eduardo
Fonte: O Globo, 08/07/2009, Economia, p. 15

BRASÍLIA. Embora a carga tributária bruta tenha atingido valor recorde de 35,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2008, a carga líquida - quando são excluídos o pagamento de benefícios previdenciários, os programas sociais e a quitação de juros da dívida pública - ficou em 14,85% do PIB, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O trabalho afirma que a carga líquida mostra mais claramente com quanto dos impostos o governo fica para administrar os gastos públicos em geral.

Segundo o Ipea, as transferências para o INSS e para pagar subsídios e programas como o Bolsa Família somaram 15,3% do PIB em 2008. Já os gastos com os juros da dívida pública ficaram em 5,61% do PIB. O estudo apresenta ainda uma série histórica pela qual a carga tributária bruta do país saltou de 24,5% do PIB em 1980 para 35,8% do PIB em 2008.

- A carga bruta subiu 11,3 pontos percentuais entre 1980 e 2008. Isso se explica pela ampliação dos direitos sociais e também pela necessidade do governo de pagar os juros da dívida - afirmou o presidente do Ipea, Márcio Pochmann.

Ele destacou que os gastos sociais e previdenciários do governo eram de apenas 7,3% do PIB em 1980. Já as despesas com o pagamento de juros da dívida pública somavam 1,7% do PIB na mesma época. Com isso, a carga tributária líquida era de 15,5% do PIB em 1980.

Pochmann ponderou que, considerando o montante da arrecadação destinado à Previdência e a programas sociais, grande parte da carga retorna à população de baixa renda:

- A maior parte do aumento da carga tributária retornou para os extratos de renda menores no Brasil.

Numa comparação feita pelo Ipea com 18 países e com dados de 2007, a carga tributária bruta do Brasil está acima da registrada no Canadá (33,1% do PIB), na Coreia do Sul (26,8% do PIB) e na Polônia (36,5% do PIB). Porém, quando se observa a carga tributária líquida, a brasileira fica menor que a desses países: 13,1%, contra 22,5%, 24,7% e 17,7%, respectivamente. (Martha Beck)