Título: Protestos contra G-8 resultam em 38 presos
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Fonte: O Globo, 08/07/2009, Economia, p. 22

Lula vai defender na cúpula, que começa hoje em Áquila, maior monitoramento do sistema financeiro global

ROMA e PARIS. O encontro do G-8, que reúne os sete países mais ricos do mundo e a Rússia, começa hoje em Áquila, na Itália, mas os protestos já chegaram às ruas: ontem a polícia prendeu 38 pessoas durante manifestações em Roma. Os manifestantes bloquearam estradas e os trilhos da principal estação ferroviária da capital italiana.

Em um dos protestos, manifestantes com rostos cobertos atearam fogo a latas de lixo e pneus. A maior manifestação, no entanto, está prevista para sexta-feira, em Áquila, cidade escolhida devido ao terremoto ocorrido em abril. Em um dos protestos em Roma, uma faixa afirmava: "G-8: um novo terremoto para Áquila". Um manifestante jogou tinta vermelha no chão, dizendo simbolizar o sangue dos trabalhadores. Em Áquila, a polícia recolheu ontem um bastão de beisebol e barras de ferro de um grupo de franceses, mas não os deteve. Manifestantes antiglobalização prometem fazer vários protestos relâmpago por toda a Itália esta semana.

O Brasil participa da cúpula como convidado, junto com outras economias emergentes, como Índia e México. Ontem, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy, após se reunirem no Palácio do Eliseu, em Paris, afirmaram que chegou a hora de uma mudança. Se na reunião do G-8 do ano passado o tema foi a a disparada dos preços de alimentos e petróleo, agora as discussões estarão centradas na maior crise global desde 1929.

- Depois da crise, nada pode ser mais como antes - afirmou Sarkozy.

Lula concordou e disse que França e Brasil decidiram trabalhar juntos "para que a crise não caia no esquecimento":

- Nós queremos um sistema financeiro que seja definitivamente fiscalizado, que possa haver monitoramento. Nós queremos que paraísos fiscais deixem de existir.

Junto com a Rússia, o Brasil vai defender no G-8 o uso de uma nova moeda de reserva global como alternativa ao dólar. Mas Alemanha, França e Canadá já disseram não querer discutir esse assunto.

A China também participaria da cúpula, mas o presidente chinês, Hu Jintao, voltou ontem a seu país devido ao agravamento dos conflitos na província de Xinjiang, segundo a agência de notícias Ansa. (Deborah Berlinck, correspondente, com agências internacionais)