Título: Exército começa novas buscas
Autor: Carvalho, Jailton de; Martin, Isabela
Fonte: O Globo, 08/07/2009, O País, p. 9

Ministério Público, no entanto, tenta interromper operação

Bernardo Mello Franco

MARABÁ (PA). O grupo de trabalho comandado pelo Exército começa hoje, no sul do Pará, novas buscas por ossadas de combatentes mortos na Guerrilha do Araguaia. A expedição tem início a apenas quatro dias do prazo estabelecido pela Justiça Federal para que o governo preste informações às famílias de vítimas cujos corpos nunca foram localizados. Em Brasília, o Ministério Público Federal tenta paralisar os trabalhos até que sejam ouvidos todos os militares que participaram do combate.

Peritos e médicos legistas já foram deslocados para a região, mas as escavações só começarão em agosto. Até o fim do mês, a equipe se limitará a visitar e mapear 14 pontos escolhidos pelo Ministério da Defesa com base em relatórios das 13 expedições anteriores chefiadas por civis e militares.

Ontem, o comandante da operação, general Mário Lúcio Alves de Araújo, deixou claro que a intenção do Exército é apresentar resultados que encerrem a polêmica sobre as execuções sumárias e a ocultação de corpos:

- Se depender da equipe, com certeza vamos encontrar algum resto mortal. Mas são passados mais de 30 anos.

A procuradora Luciana Loureiro pediu à Justiça que a expedição seja suspensa até que o Exército aceite a participação de civis e parentes de vítimas. "Uma iniciativa exclusiva das Forças Armadas pode resultar em aumento do medo da população em revelar fatos sobre a guerrilha e eventuais locais de sepultamento".