Título: PMDB e PT disputam ministério no Planalto
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 08/07/2009, O País, p. 5

Pasta das Relações Institucionais pode ficar com líder peemedebista para agradar ao partido com vistas a 2010

Gerson Camarotti

BRASÍLIA. PMDB e PT travam nova disputa nos bastidores, desta vez pelo cargo de ministro das Relações Institucionais. O atual, José Múcio Monteiro (PTB), será indicado para ministro do Tribunal de Contas da União. Enquanto o PMDB pede a vaga na coordenação política do governo, o PT quer recuperar o cargo de coordenador político.

O presidente Lula deve bater o martelo este mês. Os dois nomes mais fortes apontados no Planalto são os dos líderes do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), e do PT, deputado Cândido Vaccarezza (SP). Deve pesar na decisão a sucessão presidencial de 2010. Há forte pressão por Henrique Alves. Com mais essa concessão ao PMDB, Lula fortaleceria o apoio do partido ao governo e à candidatura da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Também cogitado por Lula, o deputado Antonio Palocci (PT-SP) depende de julgamento no Supremo Tribunal Federal, onde responde a inquérito sob a acusação de ter dado a ordem para a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.

- O escolhido terá que ser de total confiança do presidente Lula, pois, além da relação institucional com o Congresso, vai cuidar da relação política de 2010 - afirma Henrique Alves.

Henrique Alves é indicado pelo presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP). Além do trânsito na base aliada na Casa, ele é apontando como interlocutor frequente da bancada no Senado.

- Henrique Alves é um dos deputados com maior capacidade de articulação política - ressalta Temer.

Mas a bancada petista tem resistido à possibilidade, principalmente por causa do controle do PMDB nas duas Casas. O argumento é que é preciso equilibrar o jogo, e, por isso, a bancada trabalha pela indicação do líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza. Considerado independente pelo Planalto, o petista aproximou-se de Lula e da ministra Dilma desde que ocupou o cargo, no início do ano.

- O coordenador político do governo terá que ter capacidade de articulação, representação dos partidos e diálogo com as duas Casas - diz Vaccarezza.

Para o presidente Lula, o cargo é estratégico para 2010, por causa da relação com os partidos. Ao voltar do exterior, o presidente deve fazer novas consultas para tomar a decisão. A principal restrição aos nomes de Henrique Alves e Vaccarezza é que os dois terão que se desincompatibilizar em abril de 2010, pois devem disputar a reeleição. Mas Lula avalia que precisa ter um parlamentar no cargo.