Título: Em casa de enforcado, não se fala em forca ou corda, diz FH no Senado
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 08/07/2009, O País, p. 4

Em Paris, Lula afirma que não há crise, mas "divergências" na Casa

Maria Lima, Adriana Vasconcelos e Deborah Berlinck*

BRASÍLIA e PARIS. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), presidiu ontem a solenidade do Congresso pelos 15 anos do Plano Real. Ao lado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, elogiou os convidados, mas não escapou de alfinetadas e de críticas constrangedoras ao seu Plano Cruzado e à crise do Senado.

Em discurso, Fernando Henri evitou citar a crise e cobrou o fortalecimento das instituições e a aplicação da lei para todos:

- Não podemos continuar com tantos vaivéns, com tanta ostentação, com tanto desperdício, com tanta miudeza. Precisamos de mais frugalidade e decência. São coisas simples, mas difíceis de serem alcançadas e que dependem, basicamente, de comportamento - disse.

Na chegada, ele e os governadores tucanos Aécio Neves (MG) e Yeda Crusius(RS) foram ao gabinete de Sarney, mas deixaram claro que a visita foi de cortesia, não de solidariedade.

- É só um gesto de cortesia. Não vou entrar nessa confusão do Senado porque em casa de enforcado não se fala em forca ou corda - disse o ex-presidente.

Em rápido pronunciamento, Sarney chamou Fernando Henrique de estadista.

De Paris, Lula minimizou a situação no Senado:

- Não vejo crise. Sinceramente, não sei como alguém pode falar de crise numa divergência no Senado.

Depois, minimizou ainda a influência sobre os senadores:

- Você não conhece a força de um senador. Coitado do presidente da República para dar conselho para senador. É quase humanamente impossível.

(*) Correspondente