Título: PMDB joga com CPI da Petrobras e Sarney volta a presidir sessões
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 08/07/2009, O País, p. 4

MP pede que Polícia Federal abra inquérito sobre atos secretos do Senado

O EX-PRESIDENTE Fernando Henrique é recebido por José Sarney em seu gabinete no Senado: 15 anos do real

Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA. Numa manobra arriscada, depois de garantir o apoio do presidente Lula, o PMDB conseguiu ontem que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), voltasse a presidir uma sessão ordinária no plenário, sem passar pelo constrangimento de ouvir cobranças para que se licencie do cargo. Jogando em duas direções, o PMDB indicou ao PSDB a disposição de instalar a CPI da Petrobras antes do início do recesso parlamentar, desde que a oposição evite novos ataques a Sarney, e, por outro lado, sinalizou que a maioria governista poderá controlar a investigação.

Sarney presidiu uma reunião da Mesa na qual foram anulados atos secretos considerados ilegais. Mais tarde, no plenário, PSDB e DEM só cobraram de Sarney a instalação da CPI da Petrobras. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), autor do requerimento da CPI, voltou a falar na possibilidade de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), caso os partidos governistas continuem a negar quorum para a instalação da CPI. Ninguém no partido, porém, confirma o acerto com os peemedebistas.

- Não podemos só brigar, temos de fazer oposição também - alegou o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PR).

O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), não descartou a possibilidade de instalação da CPI da Petrobras.

Em reunião da Mesa comandada pelo 1º secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), foi anulado mais um ato secreto: o que elevava a função comissionada dos 40 chefes de gabinete das Secretarias de FC-7 (R$3.302,42) para FC-8 (R$4.128,02). A maioria dos atos secretos, porém, não terá o mesmo destino, já que se refere a contratação e exonerações.

Cancelado aumento do auxílio refeição de terceirizados

Ontem, o Ministério Público Federal pediu que a Polícia Federal abra inquérito para investigar supostas fraudes na produção desses atos secretos. Sindicância interna aponta o ex-diretor-geral Agaciel Maia e o ex-diretor da Secretaria de Recursos Humanos João Carlos Zogbhi como os principais responsáveis pelos atos. Há indícios de que crimes como, peculato-desvio, corrupção passiva privilegiada e prevaricação.

A Mesa também decidiu ontem revogar a decisão que elevou para R$20 o auxílio alimentação de 3.500 servidores terceirizados, o que consumia por mês cerca de R$2,1 milhões. A proposta é definir esse valor de acordo com a função desempenhada por cada um e equiparar o benefício ao valor pago hoje na praça, entre R$8 e R$12.

COLABOROU Jailton de Carvalho