Título: PT deve adiar decisão sobre Sarney
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 07/07/2009, O País, p. 4

Estratégia é deixar crise esfriar para que o partido evite se comprometer

Gerson Camarotti

BRASÍLIA. Com o racha na bancada do PT, os senadores do partido tentarão adiar mais uma vez a decisão sobre o apoio ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), cobrado pelo presidente Lula. Para evitar um desgaste ainda maior, a estratégia dos petistas é não fechar questão sobre este assunto até o início do recesso parlamentar, no fim da próxima semana. Qualquer que seja a posição, os petistas terão prejuízos político-eleitorais.

Dos 12 senadores do PT, dez tentam a reeleição em 2010, e o senador Tião Viana (PT-AC) vai disputar o governo do Acre. Somente Eduardo Suplicy (SP) não tem, por enquanto, projeto de disputar outro cargo ano que vem, e seu mandato só termina em 2014. Na reunião de bancada marcada para hoje, os petistas devem ficar em cima do muro, na esperança de que a crise do Senado se resolva independentemente de uma posição do PT.

- Neste momento, talvez seja melhor que não haja definição. O nosso esforço é para construir a unidade, mas não há consenso na bancada - disse Serys Slhessarenko (PT-MT).

O presidente Lula, que está em Paris, queria uma defesa aberta de Sarney, mas seus interlocutores foram avisados das dificuldades do PT. E os petistas teriam encontrado amparo, pois a avaliação reservada feita ontem por ministros palacianos é que a crise no Senado perdeu fôlego neste fim de semana. E a expectativa é que, se não houver fatos novos, a situação política de Sarney estará resolvida.

Pelo menos cinco senadores do PT defendem a licença temporária publicamente: Marina Silva (AC), Tião Viana (AC), Eduardo Suplicy (SP), Flávio Arns (PR) e Paulo Paim (RS). O partido quer uma saída honrosa: o compromisso de Sarney com uma proposta de completa reformulação administrativa.