Título: Mantega prevê cortes de despesas
Autor:
Fonte: O Globo, 07/07/2009, Economia, p. 22

Reajuste do funcionalismo, porém, será mantido, bem como superávit de 2,5%

Aguinaldo Novo

SÃO PAULO. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o governo terá de fazer novos cortes de despesa para se acomodar à queda na receita, resultante da arrecadação menor e da concessão de benefícios à indústria (são mais de R$10 bilhões em desonerações este ano). Sem dar detalhes, explicou que serão eliminados gastos de custeio dos ministérios, mas que está mantido o reajuste salarial do funcionalismo, a ser pago a partir deste mês. Também estão fora programas sociais, como o Bolsa Família.

Apesar da queda de receita, Mantega afirmou haver "um perfeito controle" das contas públicas e que é "inquestionável a solidez fiscal" da economia. E ressaltou que o superávit primário para este ano ficará em 2,5% do PIB. O mesmo valeria para 2010, quando a economia do governo deve voltar a 3,3%.

- O superávit primário deste ano será aquele já anunciado por nós, de 2,5% do PIB. Estamos fazendo um superávit menor este ano para poder fazer as medidas anticíclicas, que estão dando muito certo. Mas isso não compromete a dívida pública - afirmou. - Em nenhum momento pensei em reduzir mais o superávit primário para este ano. Alguns andaram falando em zero. Isso não é verdade.

Mantega participou ontem da cerimônia de posse do economista Demian Fiocca na presidência da Nossa Caixa. Sem espaço para cortar mais impostos, Mantega disse que, "se necessário", o governo poderá liberar mais recursos do depósito compulsório dos bancos, para que estes emprestem no varejo. Também no evento, o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, disse que "cada vez está mais difícil reduzir impostos".

Mantega voltou a dizer que a economia deve se recuperar nos próximos meses, reforçando a previsão de crescimento do PIB "entre 4% e 4,5%" já em 2010. Este ano já houve duas reduções na meta do superávit primário. A primeira, de 3,8% para 3% do PIB, por causa das medidas contra a crise. Depois, de 3% para 2,5%, após retirar do cálculo as despesas da Petrobras.