Título: Banco Mundial libera US$2,5 bi para fomentar comércio mundial
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Fonte: O Globo, 07/07/2009, Economia, p. 22

Em carta a líderes do G-8, Bird alerta que recuperação em 2010 é incerta

GENEBRA, ROMA e BRASÍLIA. O presidente do Banco Mundial (Bird), Robert Zoellick, anunciou ontem que já estão disponíveis os primeiros US$2,5 bilhões de um total de US$50 bilhões que serão alocados no programa da instituição para estimular o comércio internacional. O anúncio ocorre às vésperas da cúpula do G-8 (grupo dos sete países mais ricos e a Rússia), que começa amanhã, na cidade italiana de Áquila, e na qual Zoellick dará o seguinte recado: é prematuro assumir que a recuperação da economia global está próxima.

Segundo o presidente do Bird, os US$2,5 bilhões foram oferecidos por governos. Ele não citou nomes dos países. Zoellick acredita, porém, que, graças a acordos assinados com instituições financeiras privadas, essa contribuição pode duplicar em breve. O Programa Global de Liquidez ao Comércio foi lançado em abril, na reunião do G-20 (que reúne as principais economias desenvolvidas e emergentes), e terá duração de três anos.

- O programa oferecerá liquidez essencial para a economia e o comércio, em particular - disse Zoellick à agência de notícias EFE, após conferência da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra.

Em carta aos líderes do G-8, à qual o "Financial Times" teve acesso, Zoellick advertiu que "2009 é um ano perigoso". Apesar de reconhecer o freio na desaceleração econômica global após os programas de estímulo, ele frisou que "ganhos recentes podem ser revertidos facilmente e que o ritmo de recuperação de 2010 está longe de certo".

Lula: países ricos não estão ajudando os mais pobres

Além da crise econômica, a crise alimentar também será tema do encontro do G-8. Segundo o "Times", será anunciado um fundo com mais de US$12 bilhões para investimentos em agricultura em países em desenvolvimento. Alguns representantes dessas nações participarão da reunião como convidados. Entre eles, o presidente Lula. No seu programa semanal de rádio, Lula disse que os efeitos da crise são mais graves nos países pobres de África, América Central e Caribe e que os ricos não estão fazendo nada para ajudá-los a superar esses problemas.

- Precisamos cobrar as coisas que nós decidimos que o FMI iria fazer, que o Banco Mundial iria fazer, e acho que essa reunião é extremamente importante - afirmou Lula.

Enquanto aguarda os líderes do G-8, o governo italiano preparou um plano de evacuação, caso ocorram novos tremores em Áquila. O plano prevê a fuga dos líderes para Roma, de avião. As manifestações também já começaram. Ontem, ativistas da ONG Oxfam protestaram com máscaras dos líderes do G-8, em Roma.