Título: Sem-teto protestam em frente à casa de Lula
Autor: Aggege,Soraya ; Lins ,Letícia
Fonte: O Globo, 09/07/2009, O País, p. 11

Eles reivindicam moradias do programa Minha Casa, Minha Vida; grevistas do INSS se juntaram à manifestação

Soraya Aggege e Letícia Lins

SÃO PAULO e RECIFE. Cerca de 200 sem-teto acamparam ontem à tarde diante da casa do presidente Lula em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, reclamando do programa Minha Casa, Minha Vida, que não estaria absorvendo as famílias despejadas. Eles ameaçam manter o protesto até que as reivindicações sejam atendidas. Cinco dos manifestantes se acorrentaram na calçada.

Dezenas de grevistas do INSS se uniram aos acampados para uma vigília no local, com faixas pedindo negociações. Os sem-teto instalaram barracões de lona preta e colchões na calçada. Policiais militares se revezam em frente ao edifício para evitar tumultos.

Os manifestantes são filiados ao Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), considerado um braço urbano do Movimento dos Sem Terra (MST). Segundo o grupo, 350 sem-teto se deslocaram em sete ônibus alugados para São Bernardo do Campo. A PM avaliou que são 200 manifestantes.

Os sem-teto querem apoio para a regularização de ocupações e o cumprimento de acordos antigos firmados com o Ministério das Cidades e a Caixa Econômica Federal. Um dos acordos foi feito em 2005, depois de o MTST fazer um protesto semelhante diante da residência do presidente Lula. Alguns sem-teto fizeram greve de fome na época.

- Estamos aqui porque não temos casa. Estou acorrentada para mostrar que não vou sair daqui, de jeito nenhum, até conseguir minha casa. Estou pronta para passar meses, se necessário. Votei em Lula porque ele era do povo. Mas, se ele fosse mesmo do povo, teria cuidado da habitação, e a gente não estaria aqui nessa situação - disse Eliene da Silva, de 25 anos, uma das que se acorrentaram.

Guilherme Castro, do MTST, disse que o movimento tem protestado também contra o governador José Serra (PSDB), pré-candidato à sucessão de Lula.

Em Pernambuco, depois de ouvir 17 pessoas no inquérito em que apura a chacina de cinco militantes do MST no município de Brejo da Madre Deus, o delegado Sérgio Moura disse ontem que é remota a possibilidade de os assassinatos terem ocorrido devido a conflitos agrários. Ele acusou o MST de querer politizar o crime.

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