Título: Problema sério em 2008
Autor: Pereira, Alessandra
Fonte: Correio Braziliense, 21/03/2009, Economia, p. 21

Apesar do evidente otimismo exagerado quando disse que a crise chegaria ao Brasil como uma ¿marolinha¿, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou que tenha cometido erro de avaliação sobre a crise. Ao contrário. Ele admitiu que a economia brasileira teve um ¿problema sério¿ nos meses de outubro, novembro e dezembro, mas ponderou que ela já começa a dar sinais de recuperação. Apresentou indicadores recentes positivos e sustentou um discurso confiante de melhoria continua.

¿Eu acho que nós temos é que trabalhar nessa crise. É por isso que eu trato a crise com uma certa tranquilidade. É porque ela é uma oportunidade para fazermos mais coisas¿, afirmou ¿Algumas empresas (automobilísticas) já estão convocando os trabalhadores para fazer hora extra no sábado. Eu acho isso importante¿, exemplificou.

Encontro Ele disse que vai defender na reunião do G-20, na Inglaterra, que os países emergentes não coloquem dinheiro para resolver a crise financeira internacional, mas que os aportes de dinheiro sejam feitos por entidades internacionais como o Banco Mundial (Bird) e Fundo Monetário Internacional (FMI). Para ele, a crise tem que ser resolvida pelos Estados Unidos e União Europeia, sem que o ônus recaia sobre os países emergentes.

¿Ao chegarmos no dia 2 de abril em Londres para o G-20, será a primeira vez acho que na história dos últimos dois séculos que países em desenvolvimento vão chegar numa reunião com mais autoridade moral que os países ricos. Nossas economias estão arrumadas, nossos bancos são mais sólidos. A crise aqui chegou menos violenta que nos países desenvolvidos¿, afirmou.

Para o presidente, está cada vez mais claro que o principal desafio que os países em desenvolvimento devem enfrentar é a falta de recursos para financiamento, tanto para empresas como também para consumidores. ¿Sem crédito, as empresas não investem e a economia não roda¿, destacou. Segundo Lula, é ¿inadiável¿ a reformulação das instâncias de governança financeira. ¿O G-8 mostrou-se aquém das necessidades atuais. O G-20 é parte da solução. Instituições como FMI e Banco Mundial só terão sua capacidade de ação e credibilidade recuperadas quando houver maior participação dos países em desenvolvimento.¿