Título: Sócios na crise
Autor:
Fonte: O Globo, 11/07/2009, Opinião, p. 6

O projeto de aliança com o PMDB, para sustentar a candidatura de Dilma Rousseff em 2010, é defendido com tanto vigor pelo presidente Lula que não se deve esperar qualquer recuo por parte dele. Mesmo que a crise no Senado se agrave, fragilize ainda mais a posição do presidente da Casa e continue a vulnerabilizar o PT diante dos adversários na urnas do ano que vem. O Palácio ficou prisioneiro da tese farsesca da ¿governabilidade¿, elaborada pelo presidente para justificar perante a bancada de senadores do PT, colocados em apertada saia justa, a defesa intransigente da permanência de Sarney à frente da Casa.

Todos sabem que a ¿governabilidade¿ em risco, caso caciques peemedebistas se bandeiem para longe de Dilma em 2010, em solidariedade a José Sarney, não é a do país, mas a dos projetos políticoeleitorais do Palácio.

Enquanto os senadores petistas buscam uma inexistente saída honrosa para a contradição insolúvel entre manter o discurso do pedido de licença de Sarney, para facilitar as investigações dos desmandos administrativos no Senado, e ao mesmo tempo cumprir a ordem de Lula para defender o político maranhense, o noticiário de denúncias continua a conspirar contra essas estratégias evasivas.

Sarney foi personagem de destaque quando se revelou o emaranhado ¿ sem trocadilho ¿ de nomeações de parentes e agregados de senadores na hiperinchada máquina administrativa do Senado (deve sempre ser lembrado: 10 mil funcionários para 81 parlamentares).

A descoberta das trapaças mafiosas do diretor-geral Agaciel Maia e asseclas também desgastou o senador, pois foi ele que nomeou Maia em 1995.

Atingiram de forma direta o expresidente da República reportagens de ¿ O Estado de S. Paulo¿ e ¿Folha de S. Paulo¿ sobre indícios de desvios de dinheiro da Petrobras liberado para a Fundação José Sarney e o fato, este não negado, de que, em 95, a advocacia da Casa foi acionada para defender um interesse privado do senador, a manutenção da sede de sua fundação.

Reforça-se, então, a proposta do pedido de licença de José Sarney ¿, para o bem de todos, inclusive do senador, tolhido no cargo para poder se defender das acusações.

Como se atou ao destino de Sarney, o Palácio também paga um preço. Terá, por exemplo, de digerir a instalação da CPI da Petrobras ¿ mas manietada ¿, permitida por um Sarney enfraquecido pelo caso do suposto desvio do dinheiro da estatal para empresas fantasmas e da família. Já ocorreu no passado agonia semelhante, em que o presidente do Senado tentou em vão converter a poltrona da presidência em trincheira.

Só que desta vez, mais do que nas anteriores, ele divide razoável parte do ônus da crise com o Planalto.O projeto de aliança com o PMDB, para sustentar a candidatura de Dilma Rousseff em 2010, é defendido com tanto vigor pelo presidente Lula que não se deve esperar qualquer recuo por parte dele. Mesmo que a crise no Senado se agrave, fragilize ainda mais a posição do presidente da Casa e continue a vulnerabilizar o PT diante dos adversários na urnas do ano que vem. O Palácio ficou prisioneiro da tese farsesca da ¿governabilidade¿, elaborada pelo presidente para justificar perante a bancada de senadores do PT, colocados em apertada saia justa, a defesa intransigente da permanência de Sarney à frente da Casa.

Todos sabem que a ¿governabilidade¿ em risco, caso caciques peemedebistas se bandeiem para longe de Dilma em 2010, em solidariedade a José Sarney, não é a do país, mas a dos projetos políticoeleitorais do Palácio.

Enquanto os senadores petistas buscam uma inexistente saída honrosa para a contradição insolúvel entre manter o discurso do pedido de licença de Sarney, para facilitar as investigações dos desmandos administrativos no Senado, e ao mesmo tempo cumprir a ordem de Lula para defender o político maranhense, o noticiário de denúncias continua a conspirar contra essas estratégias evasivas.

Sarney foi personagem de destaque quando se revelou o emaranhado ¿ sem trocadilho ¿ de nomeações de parentes e agregados de senadores na hiperinchada máquina administrativa do Senado (deve sempre ser lembrado: 10 mil funcionários para 81 parlamentares).

A descoberta das trapaças mafiosas do diretor-geral Agaciel Maia e asseclas também desgastou o senador, pois foi ele que nomeou Maia em 1995.

Atingiram de forma direta o expresidente da República reportagens de ¿ O Estado de S. Paulo¿ e ¿Folha de S. Paulo¿ sobre indícios de desvios de dinheiro da Petrobras liberado para a Fundação José Sarney e o fato, este não negado, de que, em 95, a advocacia da Casa foi acionada para defender um interesse privado do senador, a manutenção da sede de sua fundação.

Reforça-se, então, a proposta do pedido de licença de José Sarney ¿, para o bem de todos, inclusive do senador, tolhido no cargo para poder se defender das acusações.

Como se atou ao destino de Sarney, o Palácio também paga um preço. Terá, por exemplo, de digerir a instalação da CPI da Petrobras ¿ mas manietada ¿, permitida por um Sarney enfraquecido pelo caso do suposto desvio do dinheiro da estatal para empresas fantasmas e da família. Já ocorreu no passado agonia semelhante, em que o presidente do Senado tentou em vão converter a poltrona da presidência em trincheira.

Só que desta vez, mais do que nas anteriores, ele divide razoável parte do ônus da crise com o Planalto.