Título: É tudo uma questão de conveniência política
Autor: Lima, Maria; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 12/07/2009, O País, p. 4

Petistas defendem aliança com PMDB.

SÃO PAULO. Personalidades históricas e fundadores do PT consideram constrangedora a falta de posição crítica do partido e de integrantes do governo, incluindo o presidente Lula e a ministra Dilma Rousseff, em relação ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AC). No entanto, embora critiquem Sarney, esses petistas defendem uma espécie de contorcionismo sobre a crise como forma de evitar risco à governabilidade e à conveniência eleitoral, uma vez que o PMDB de Sarney é um dos trunfos do governo na disputa presidencial de 2010.

- Esse é um preço a pagar por uma aliança que pode dar continuidade ao projeto atual. É tudo uma questão de conveniência política. Além do mais, a corrupção não é do PT. O que está em jogo é a aliança com o PMDB. Se o PMDB sair, o PT vai se aliar a quem? - analisa o sociólogo e um dos fundadores do PT Emir Sader.

Ele ainda alfineta:

- Na gestão do presidente Fernando Henrique, tivemos as denúncias de compra de votos para a reeleição, ou seja, conveniência eleitoral. Acontece que tem um jogo do cinismo, enquanto todos os governos precisam, na verdade, manter sua base de sustentação - diz ele, afirmando que o governo não pode abrir mão de aliados no Congresso.

Na mesma linha em defesa da governabilidade, o deputado estadual Raul Pont (PT-RS), um dos fundadores do partido e pré-candidato à presidência da legenda, diz que, por mais insustentável que seja a situação de Sarney, não se pode pôr a governabilidade em risco.

- O governo é de coalização e precisa de sustentação. Por mais esquizofrênica que seja, assim é a governabilidade - diz Pont.

Integrante da ala radical e um dos membros do diretório nacional do PT, Marcus Sokol diz que Sarney pôs o partido em situação constrangedora, mas ressalva:

- O problema é essa discussão sobre a aliança nacional com o PMDB - diz ele, que também é candidato a presidente do partido.

Para Sokol, a aliança com o PMDB contradiz as aspirações da base social petista.

- Acho, inclusive, que essa aliança é contraditória com a sobrevivência do PT.