Título: Acordo inclui apoio a vaga em conselho da ONU
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 12/07/2009, O País, p. 11

Texto de parceria diz que Brasil não receberá da França transferência de tecnologia nuclear

De acordo com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, o que levou o Brasil a aceitar um preço tão alto seria o fato de que a França tem know how de submarinos nucleares, e a Alemanha, não. E no pacote da DCNS estaria um casco do Scorpène, um pouco maior, que seria destinado a se transformar no primeiro submarino nuclear brasileiro.

- Os franceses vão cooperar nessa empreitada - disse Jobim, dando a impressão de que o país também receberia transferência de tecnologia nuclear, o que não vai ocorrer.

O texto da Parceria Estratégica Brasil-França, assinada em dezembro passado, pelos presidentes Nicolas Sarkozy e Luiz Inácio Lula da Silva registra claramente que o Brasil não receberá da França "assistência para a concepção, a construção e a colocação em operação do reator nuclear embarcado, das instalações do compartimento do reator nuclear, e dos equipamentos e instalações cuja função seja destinada principalmente ao funcionamento do reator ou à segurança nuclear".

Uma leitura atenta de tal acordo sugere, ainda, que os 6,7 bilhões de euros serviriam, na verdade, para comprar mais do que os submarinos e a construção do estaleiro e da base naval incluídos pela França no pacote.

O dinheiro garantiria o apoio político daquele país a duas aspirações brasileiras. O documento diz que, no contexto de tal parceria estratégica, "a França reitera seu apoio à candidatura do Brasil a um assento permanente no Conselho de Segurança (da ONU) e à sua incorporação a um G-8 ampliado". (J.M.P.)