Título: CUT pressiona governo contra fundação estatal
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 14/07/2009, O País, p. 9

Entidade alega que proposta, que permitiria cobrança por desempenho e demissões na saúde, tem lógica comercial

BRASÍLIA. Principal entidade sindical do país, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a retirada, do Congresso Nacional, do projeto que cria as fundações estatais, e que poderiam servir para modernizar a gestão de dois mil dos cinco mil hospitais vinculados ao SUS. A CUT é contra a proposta, sob a alegação de que o modelo é neoliberal, privilegia a lógica comercial e busca o lucro.

Segundo o presidente da CUT, Artur Henrique, a fundação estatal é ¿totalmente repelida¿ pelo movimento sindical e pelos setores da saúde. Os sindicalistas são contra porque a fundação estatal dá liberdade aos gestores para contratar funcionários pelo regime da CLT, cobrar melhor desempenho e demitir o empregado por mau desempenho: ¿ Sabemos que onde o modelo existe há inúmeros problemas para a população em geral.

Não se trata de um assunto corporativo, ao contrário da mistificação ensaiada pelo ministro (José Temporão).

A proposta, que está parada no Congresso, enfrenta resistência de políticos de vários partidos da base do governo, inclusive do PT. Na semana passada, dois assessores do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciaram no Conselho Nacional de Saúde (CNS) a desistência de se brigar pela proposta. No dia seguinte, Temporão se disse surpreso e afirmou que continuará a batalha pela aprovação da fundação.

O CNS estabeleceu o prazo de até setembro para o governo retirar o projeto do Congresso.

Caso contrário, entrará com uma representação no Ministério Público contra o ministro. Temporão reagiu a essa ameaça.

¿ Seria uma situação estapafúrdia retirar o projeto. É inusitado que um órgão de fiscalização e controle exija isso do governo. O projeto não será retirado ¿ disse Temporão.

Em carta recente enviada a Lula, a CUT negou se tratar de um embate ideológico e classificou o projeto como uma bomba relógio, que pode trazer consequências perigosas para o SUS