Título: CPI sob comando do governo
Autor: Rios, Odilon; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 15/07/2009, O País, p. 3

Suplente do PT será presidente; estratégia é blindar Sarney e Petrobras

BRASÍLIA e MACEIÓ. Após três tentativas frustradas, a oposição conseguiu garantir ontem a instalação da CPI da Petrobras, diante do compromisso de devolver a relatoria da CPI das ONGs e ¿congelar¿ a CPI do Dnit. Já o governo não hesitou em fazer valer sua ampla maioria: os governistas assumiram os três cargos de comando. Por oito votos a três, a base aliada elegeu os senadores João Pedro (PT-AM) para presidente, Marcelo Crivella (PRB-RJ) para a vice-presidência e, por fim, indicou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), para relator. A ordem do Planalto é que as investigações, previstas para começar só em agosto, sejam controladas de perto e que o discurso político sobre a importância da Petrobras seja reforçado.

Na CPI, a estratégia dos governistas é não deixar votar requerimentos que não tenham sido selecionados pelo relator, blindando assuntos que comprometam a Petrobras ou o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Ao assumir o comando da sessão, João Pedro cumpriu o script predeterminado e marcou a próxima reunião da CPI para 6 de agosto. O petista é suplente de Alfredo Nascimento, que assumiu o Ministério dos Transportes.

A oposição esboçou uma reação e lançou a candidatura dos senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) e de Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA) para presidente e vice-presidente da CPI. O esforço foi em vão, e os governistas por pouco não cassaram a palavra dos senadores do PSDB e DEM que defendiam essas candidaturas.

¿ Essa discussão fica para depois ¿ decretou Paulo Duque (PMDB-RJ), que presidia a sessão.

¿ Isso não tem pé nem cabeça.

Como defender uma candidatura depois de proclamado o resultado? ¿ protestou o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE).

Jucá evitou se comprometer em aprovar qualquer um dos 28 requerimentos apresentados por Álvaro Dias.

Entre eles, o que pede à Fundação José Sarney cópia das prestações de contas relativas às ações financiadas com verbas da Petrobras, além da convocação do gerente de Comunicação Institucional da Petrobras, Wilson Santarosa, e da ex-secretária da Receita Federal Lina Maria Vieira, que perdeu o cargo após tentar aplicar uma multa milionária à Petrobras.