Título: Saques suspeitos de ex-funcionário de Sarney
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 19/07/2009, O País, p. 8

MP Federal aponta ex-servidor do Senado como beneficiário de cheque emitido por empresa acusada de lavagem

SÃO LUÍS. Relatório do Ministério Público Federal (MPF) produzido a partir da Operação Boi Barrica ¿ que investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro, uso de influência política e evasão de divisas tendo como principal acusado Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) ¿ aponta que um ex-funcionário do gabinete do senador sacou em espécie um cheque em seu favor emitido pela São Luís Factoring, instituição financeira suspeita de lavar dinheiro.

De acordo com as investigações, o braço direito de Fernando Sarney na empresa, Luzia de Jesus Campos de Souza, teria utilizado sua própria irmã, Maria Raimunda Campos Barbosa, como laranja para sacar dinheiro em espécie para o grupo. Para a Polícia Federal, saques em espécie de altas quantias servem para não deixar rastros de supostas ações ilegais.

Rodrigo Silva Buzar, lotado desde novembro de 2007 no gabinete do senador Sarney, e exonerado em 1ode julho deste ano, sacou um cheque emitido em seu favor, no valor de R$ 37 mil, que seria para pagamento de um título. A transação levantou suspeita do MPF. No relatório encaminhado em 27 de agosto de 2008 ao juiz federal da 1aVara da Seção Judiciária do Maranhão, os procuradores Thayna Freire de Oliveira e Marcilio Nunes Medeiros, afirmam: ¿Ainda como exemplo da prática (de saques por pessoas físicas), consta cheque nominal emitido a pessoa física de Rodrigo Silva Buzar, no valor de R$ 37 mil, que igualmente, no mesmo dia de emissão do título, endossou e sacou na boca do caixa¿.

E conclui: ¿Além da transação ter sido realizada com pessoa física, o dito pagamento foi realizado em cheque nominal, fugindo completamente das atividades restritas às factorings¿.

As empresas de factoring atuam como prestação de serviços de assessoria mercadológica, de seleção de riscos, gestão de créditos e acompanhamento de empresas. Por isso a estranheza da PF e do MPF nos saques em dinheiro.

Cheques de R$ 351 mil seriam para laranja Rodrigo Silva Buzar não foi o único a sacar altas quantias na boca do caixa. De acordo com documentos aos quais o GLOBO teve acesso, Maria Raimunda foi beneficiária, entre 2005 e 2006, de 23 cheques nominais da São Luís, totalizando R$ 351.621,01.

A PF destacou que ela ¿não ostenta status social compatível com tal movimentação, evidenciando que pode ter sido usada como laranja¿.

Segundo a PF, Maria Raimunda declara-se isenta de Imposto de Renda e mora em uma casa simples num bairro da periferia de São Luís. Os cheques foram endossados no verso, ¿deixando claro que foram sacados em espécie na boca do caixa

COLABOROU Jailton de Carvalho