Título: São Paulo e Minas registram melhores notas
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 19/07/2009, O País, p. 11

MEC é neutro sobre adoção do sistema; sindicato critica

BRASÍLIA. Secretários de Educação que adotam o bônus são unânimes em apontar benefícios à aprendizagem. São Paulo e Minas, que já pagaram o benefício uma vez, registraram aumento na pontuação dos alunos em avaliações estaduais.

O gestor Eder Campos, responsável pelo acompanhamento dos indicadores educacionais no governo mineiro, diz que a nota em matemática dos estudantes do 5º ao do ensino fundamental subiu de 205 para 218, na escala até 500 do Proeb (teste estadual), entre 2007 e 2008.

Ele ressalva, porém, que o bônus é só um dos fatores: ¿ No campo das políticas públicas, é complicado afirmar que uma só coisa gera o resultado.

É sempre um conjunto.

O sistema de bônus vinculado à aprendizagem não tem apoio do Ministério da Educação.

¿ O MEC não se posiciona sobre políticas locais. Mas considera que, quando negociadas com os sindicatos, elas têm mais condições de dar certo ¿ afirma a secretária de Educação Básica, Maria do Pilar Lacerda.

¿Bom ou mau profissional, o salário é o mesmo. É cruel¿ Em Pernambuco, o magistério está em greve ¿ professores em início de carreira ganham R$ 950 mensais. Decidido a pagar o bônus já este ano, o secretário Danilo Cabral adotou fórmula nada ortodoxa: para definir as escolas onde houve melhoria, comparou dois indicadores diferentes.

De um lado, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2005, calculado pelo MEC. Do outro, o Índice de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco (Idepe), referente a 2008. Só em 2010 ele vai comparar Idepe com Idepe.

Segundo Cabral, o bônus já produziu resultados: 81% das escolas estaduais avançaram, embora apenas 51% a ponto de ganhar bônus.

¿ É uma novidade. No início, houve preconceito. O sindicato foi contra, com todas as resistências ideológicas que há por trás ¿ diz Cabral.

No Distrito Federal, o secretário José Luiz Valente quer ir além, abrindo caminho para que as próprias escolas afastem profissionais fracos. A ideia é permitir a exoneração de servidores por desempenho insuficiente.

¿ O serviço público é muito cruel com o servidor. Seja bom ou mau profissional, o salário é o mesmo ¿ diz Valente.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, Roberto Franklin de Leão, critica o bônus. Diz que o mecanismo estimula a competição entre escolas e joga nas costas dos professores problemas fora de sua alçada, como a falta de infraestrutura escolar: ¿ Os governos criam uma situação de disputa entre professores.

É mais do que sabido que não dá resultado avaliar o desempenho do profissional pela nota do aluno numa prova.

Querem responsabilizar o professor e a escola pelo fracasso da educação pública. (D.W.)