Título: Uma indenização de R$36 milhões
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 17/07/2009, O País, p. 3

Lula autorizou que governo pague reconstrução do prédio da UNE.

BRASÍLIA e RIO. A reconstrução da sede da UNE na Praia do Flamengo, no Rio, pode custar até R$36 milhões aos cofres da União. Esse é o valor máximo previsto no projeto de lei que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encaminhou à Câmara em agosto do ano passado. Segundo o texto, os gastos podem chegar a até seis vezes o valor do terreno, que é avaliado em R$6 milhões.

O projeto, do arquiteto Oscar Niemeyer, prevê um edifício de 13 andares e um centro cultural, com teatro e um museu de memória do movimento estudantil. Lula anunciou sua construção no Rio, no dia 12 de agosto de 2008, em cerimônia com a presença da presidente da UNE, Lucia Stumpf, do governador de São Paulo, José Serra, e do governador do Rio, Sérgio Cabral. A platéia era formada principalmente por jovens ligados à União da Juventude Socialista (UJS), braço estudantil do PCdoB.

De acordo com a proposta, o Estado brasileiro se responsabiliza pela destruição do prédio histórico, em 1º de abril de 1964, horas após o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart. O edifício foi incendiado por partidários do novo regime. Em discurso durante o evento no Rio, Lula não citou a ditadura militar e pediu que os brasileiros aprendam a cultuar seus "heróis", em vez de apenas considerá-los vítimas, e de culpar os vilões. Também afirmou que, ao assinar o projeto de lei, deu sua contribuição para "reparar aquilo que foi feito na sede da UNE". Não houve referência ao episódio de 1964.

- A UNE, por tudo que fez neste país, por tudo o que ela significou na luta pela democracia, jamais deveria ter sido destruída, mas deveria ser sempre enaltecida - disse Lula.

O valor a ser pago à UNE deve ser calculado por uma comissão chefiada pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, e pelo secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci. O texto já foi aprovado em duas comissões da Câmara e ainda precisa passar pelo Senado.