Título: Ato foi por impeachment da governadora
Autor: Souza, Carlos
Fonte: O Globo, 17/07/2009, O País, p. 11

Justiça nega bloqueio de bens de Yeda, seu marido e de ex-secretário.

PORTO ALEGRE. Os cerca de 200 manifestantes levaram para a frente da casa da governadora Yeda Crusius (PSDB), na Rua Araruama, no bairro Vila Jardim, uma alegoria de um contêiner, numa referência a esse tipo de compartimento, que está servindo de sala de aula para estudantes de cinco escolas da rede pública estadual. A pressão pelo impeachment da governadora cresceu com as acusações de irregularidades feitas pela oposição contra ela, incluindo a compra de sua casa, que teria sido adquirida utilizando recursos de caixa dois da campanha eleitoral.

Yeda nega a acusação, e o Ministério Público Estadual, que investigou a transação, disse não ter encontrado irregularidades. Outras denúncias contra a governadora estariam sendo examinadas pelo Ministério Público Federal.

Governadora diz que netos choraram com protesto

Yeda disse à Rádio Gaúcha, falando de dentro de sua casa, que o tumulto e a impossibilidade de sair livremente da residência fizeram seus netos chorar. A tucana declarou ter se sentido tolhida no seu direito constitucional de ir e vir.

Da casa de Yeda, os manifestantes foram para a frente da sede do Executivo, o Palácio Piratini, onde deram continuidade ao protesto contra a governadora, sem incidentes. Os deputados estaduais do PSDB emitiram nota criticando "as ações truculentas" dos manifestantes em frente à casa de Yeda.

Juíza: governadora tem foro privilegiado

Mas o dia de ontem também reservou uma boa notícia para a governadora: a juíza da 3ª Vara Federal de Santa Maria, Simone Barbisan Fortes, negou o bloqueio e a indisponibilidade dos bens dela, do ex-marido Carlos Crusius, e do ex-secretário Delson Martini.

O requerimento do bloqueio havia sido solicitado pelo PSOL, por meio da deputada federal Luciana Genro e do vereador Pedro Ruas, da Câmara de Porto Alegre. Segundo a magistrada, o pedido não foi atendido porque Yeda, Carlos e Martini não são réus na ação penal da Operação Rodin, que investigou desvio de R$40 milhões do Detran do Rio Grande do Sul.

De acordo com a magistrada, não há investigação criminal sobre os três na 3ª Vara Federal de Santa Maria, além de os requerentes da medida não serem o Ministério Público Federal ou a Polícia Federal. A decisão também levou em conta o fato de o pedido incluir a governadora, que somente poderia estar sujeita à jurisdição do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por ter direito a foro privilegiado. (Carlos Souza)