Título: Com bala na agulha
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Fonte: Correio Braziliense, 17/03/2009, Economia, p. 15

Na tentativa de tranquilizar os investidores estrangeiros, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, traçou ontem um panorama positivo das perspectivas econômicas brasileiras. Em seminário sobre o desempenho brasileiro, em Nova York, o ministro enfatizou que, apesar da piora no cenário global, o governo ainda tem ferramentas para minimizar os efeitos internos da crise internacional. ¿Ainda temos bala na agulha. Ainda não esgotamos as políticas que podemos fazer¿, afirmou. Na sua avaliação, o Brasil foi um dos últimos países do mundo a sofrer com a retração mundial e será um dos primeiros a se recuperar.

Entre as munições descritas, Mantega citou instrumentos de política monetária. Lembrou que, apesar de já ter liberado um pouco mais de R$ 100 bilhões para estimular o crédito, o Banco Central ainda detém R$ 160 bilhões em depósitos compulsórios. ¿Sem falar da taxa de juro, que ainda é elevada e tem espaço para ser reduzida. Outros países já trabalham com juro próximo de zero¿, acrescentou, no mesmo painel que contou com a participação do presidente do BC, Henrique Meirelles.

Mais uma vez, a equipe econômica brasileira alertou para os problemas financeiros nos Estados Unidos. No seu discurso, Mantega reiterou que é preciso enfrentar rapidamente a fragilidade dos bancos norte-americanos. ¿Enquanto essa questão não se resolve, a economia real vai se deteriorando. Cada vez que o Fundo Monetário Internacional (FMI) faz uma previsão, ela fica pior que a anterior. Na penúltima previsão, ainda esperávamos crescimento mundial positivo para 2009. Agora, na última, já estamos abaixo de zero¿, acrescentou.

No mesmo seminário para cerca de 200 empresários, Henrique Meirelles ressaltou a saúde das contas brasileiras. Desde o início da crise, o BC vendeu já gastou cerca de U$ 14,5 bilhões de reservas. Mesmo assim, continua com reservas internacionais em U$ 199,9 bilhões. Além disso, a situação foi amenizada no país pelo fortalecimento prévio do mercado interno, argumentou. Meirelles mostrou preocupação com o nível de crédito, mas apresentou bons números sobre o assunto. Segundo ele, a média mensal de financiamento das exportações já é igual ao período pré-crise.