Título: Lula ainda otimista
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Fonte: Correio Braziliense, 17/03/2009, Economia, p. 15

Em Nova York, presidente reage à previsão negativa do banco Morgan Stanley e garante que o crescimento será pequeno, mas positivo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva dedicou o dia de ontem em Nova York a convencer analistas e investidores estrangeiros de que o Brasil vai passar bem pela crise econômica mundial. Diante da catastrófica previsão do banco Morgan Stanley de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vai diminuir 4,5% este ano, ele reagiu: ¿Esses bancos não acertaram nem o que iria acontecer com eles mesmos, quanto mais a situação do Brasil¿.

Em crises menos graves do que a atual, o país quebrou, o que não acontecerá dessa vez, garantiu o presidente. Lula se recusou, entretanto, a fazer previsões sobre o resultado do PIB neste ano. Reconheceu que o crescimento vai ser baixo, mas ainda ficará no azul. ¿Não cravei um número antes, não tem por que cravar agora. Mas estou otimista. Certamente, o Brasil não vai crescer do jeito que nós queríamos, mas certamente será um dos países que terão crescimento positivo neste ano¿, disse.

Em seu discurso no seminário que debateu a crise internacional e as perspectivas econômicas brasileiras, o presidente afirmou que o maior desafio para a economia global é manter o acesso ao crédito, apesar dos prejuízos bilionários dos bancos. ¿Temos um problema no mundo chamado acesso ao crédito. Necessitamos restaurar o fluxo para que se restabeleça o comércio mundial¿, disse. Para ele, a confiança só retornará quando as contas das instituições financeiras forem saneadas ¿ esse será o principal tema do encontro de cúpula dos países reunidos no G-20, em Londres, em 2 de abril.

Segundo o presidente, a estatização do setor financeiro é quase ¿um palavrão¿ nos EUA, mas essa seria uma saída para os problemas dos bancos. Outra opção é a criação de instituições estatais, como as que existem no Brasil. Lula aproveitou a plateia seleta para pedir que os governantes sejam ¿ousados¿ no enfrentamento da crise e evitem uma onda protecionista com o objetivo de salvar suas economias. ¿O protecionismo é uma droga que dá um benefício temporário, mas que no final leva a uma crise maior¿, disse.

Em rápida entrevista depois do seminário, Lula confirmou que a equipe econômica está estudando mudanças no rendimento da poupança que passam pela redução da Taxa Referencial (TR), como antecipou o Correio na edição de sexta-feira. Com a redução da taxa básica de juros (Selic), a poupança se torna mais atrativa do que os fundos de investimento, o que pode prejudicar o financiamento da dívida pública. ¿Vamos sentar para ver como ela (a poupança) fica. Vamos ter que pensar, porque não podemos permitir que os poupadores tomem qualquer prejuízo no Brasil¿, afirmou.