Título: Índice de mortes do Rio é 3 vezes maior que o de SP
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 22/07/2009, O País, p. 10

Cidade tem menos da metade de jovens, mas o dobro de vítimas; tráfico e violência policial são principais problemas

Demétrio Weber

BRASÍLIA. Enquanto o município do Rio tem o 21º mais alto Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) e o maior número absoluto de vítimas em todo o país, São Paulo ocupa apenas a 151ª posição, entre 267 cidades com mais de cem mil habitantes. O índice do Rio é 4,92. Corresponde a mais do que o dobro da média do IHA nos 267 municípios pesquisados (2,03). Na capital paulista, o índice é de 1,42, abaixo da média nacional.

A comparação dos números absolutos também revela o contraste da violência no Rio e em São Paulo. A maior cidade do país tinha 1.404.014 adolescentes de 12 a 18 anos em 2006, contra 696.242 no Rio. Mesmo tendo mais do que o dobro da população jovem, São Paulo registrou quase metade das vítimas. O levantamento projeta que 3.423 jovens cariocas serão assassinados até 2012, ante 1.992 paulistanos, caso as taxas de 2006 não sofram alteração.

- São Paulo tem valores relativamente baixos. É fruto da queda geral de homicídios que vem ocorrendo desde 2001 - disse o coordenador técnico do estudo, Ignácio Cano. - Esperava que o Rio se saísse até pior. Na cidade, o que mais contribui é a forma como o tráfico de drogas opera e a violência policial.

Segundo ele, o levantamento mostra que a redução dos homicídios atinge todos os grandes e médios municípios paulistas, onde o IHA é inferior a 3 na maior parte das cidades. No Rio, ao contrário, há três outros municípios em situação ainda pior do que a capital: Caxias, Itaboraí e Cabo Frio. Resende aparece com o maior risco de homicídio à mão armada contra jovens no estado, acima de 10, enquanto na média estadual é de 6,2.

- É preocupante o Rio concentrar 10% dos assassinatos - disse a subsecretária de Promoção de Direitos da Crianças e do Adolescente, Carmen Oliveira.

Segundo Cano, o maior envolvimento das prefeituras com a segurança, a polícia mais eficiente e o monopólio do crime organizado nas mãos de uma única facção específica explicam a situação de SP. No Rio, a guerra entre facções alimenta conflitos.