Título: Lieberman pede a Lula mediação com Teerã
Autor: Oliveira,Eliane
Fonte: O Globo, 23/07/2009, O Mundo, p. 30

Ministro do Exterior de Israel diz que Brasil pode convencer palestinos a negociarem

Eliane Oliveira

BRASÍLIA. Tido como ultranacionalista e alvo de críticas da comunidade internacional, o chanceler de Israel, Avigdor Lieberman, pediu ontem ao governo brasileiro que ajude seu país no diálogo entre israelenses e os países do Oriente Médio. Após se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro do Exterior, Celso Amorim, Lieberman afirmou esperar que as autoridades brasileiras convençam o Irã a rever seu programa nuclear. Ele também surpreendeu a área diplomática ao dizer que o Brasil pode ser um intermediário numa negociação com os palestinos.

¿ O Brasil é um país importante, com fortes vínculos com o mundo árabe e boas relações com Israel. Pode ser um negociador e contribuir para a compreensão entre os lados. Talvez mais do que qualquer outro, o Brasil pode tentar convencer os iranianos a pararem com seu programa nuclear, e os palestinos a conversarem conosco.

O pedido de apoio do chanceler israelense indica uma mudança de tom de Israel quanto à visita ao Brasil do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Há dois meses, quando foi confirmada a vinda do iraniano ao Brasil ¿ depois adiada ¿ Lieberman fez gestões diplomáticas contra essa aproximação. A expectativa do governo brasileiro é que Ahmadinejad venha ao país após tomar posse em seu segundo mandato, o que acontecerá em duas semanas.

Ao lado de Lieberman, Amorim citou a possibilidade de o Brasil participar das negociações de paz no Oriente Médio.

Segundo o ministro, embora o impasse envolva Israel e os palestinos, o assunto diz respeito à guerra e à paz no mundo: ¿ Se o Brasil for convidado, estaremos presentes.

Israelense diz que mundo não poder permitir Irã nuclear Lieberman criticou duramente o Irã. Ao ser perguntado sobre a influência do Irã na América Latina, disse que o Irã ameaça não só o Oriente Médio, com seu programa nuclear, mas também outros países. Não citou nomes, mas, segundo uma fonte, referia-se a Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Equador.

¿ Eles tentam exportar sua revolução. Haverá uma corrida armamentista em todo o Golfo Pérsico e a paz mundial estará ameaçada. Não podemos admitir que o Irã se torne uma potência nuclear ¿ disse Lieberman.

O chanceler ainda passará por Argentina, Peru e Colômbia durante a viagem.