Título: Destruição avança no Brasil
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Fonte: Correio Braziliense, 17/03/2009, Mundo, p. 21

Levantamento da FAO mostra que 42% do total de florestas cortadas no planeta entre 2000 e 2005 estavam no país. Órgão alerta sobre o uso da terra para a pecuária e a produção de biocombustíveis. Madeira ilegal apreendida no Mato Grosso, em 2008: FAO teme o agravamento do problema. A intensidade do desmatamento no Brasil é citada com preocupação pelo relatório sobre a situação das florestas no mundo divulgado ontem pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Dos 7,3 milhões de hectares de mata cortada por ano entre 2000 e 2005, a maior perda, equivalente a 42% do total, foi registrada no país. Segundo a FAO, o Brasil perdeu, em média, 3,1 milhões de hectares de florestas por ano nesse período ¿ o equivalente a quase seis vezes a área do Distrito Federal. O número é extremamente alto se comparado com todo o continente africano, cujo desmatamento foi de cerca de 4 milhões de hectares anuais.

Para a FAO, um dos grandes problemas da América do Sul, incluindo o Brasil, é a utilização da terra para pecuária e plantação de cana-de-açúcar com a finalidade de produzir álcool combustível. E há possibilidade de, caso a demanda por alimentos e etanol aumente, a situação piorar. ¿Na América do Sul, o ritmo do desmatamento não deve diminuir num futuro próximo, apesar da baixa densidade da população do continente. Os altos preços dos alimentos e do combustível favorecem o corte das florestas para dedicar o terreno à criação de gado e aos cultivos comerciais destinados a alimentos e biocombustíveis¿, destaca o órgão da ONU no documento.

Enquanto o desmatamento em todo o mundo ocasionou a perda de 0,18% da cobertura florestal do planeta, no Brasil 0,6% das matas foram devastadas. Entre 1995 e 2000, a estimativa era de 2,6 milhões de hectares desmatados por ano ¿ ou 0,5% do território de florestas. Em relação à América do Sul, os números do Brasil são ainda mais assustadores. De todo o verde perdido na região, 75% foi registrado no país.

Segundo o diretor-geral adjunto do departamento florestal da FAO, Jan Heino, uma das soluções seria o investimento ¿ de dinheiro e pessoal ¿, por parte dos governos de países mais afetados, para o controle florestal. ¿É preciso reinventar órgãos públicos no setor florestal porque eles têm sido lentos na hora de se adaptar à mudança de necessidades de seus clientes¿, disse Heino.