Título: Taxa de desocupação cai para 8,1% e analistas veem melhora no mercado
Autor: Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 24/07/2009, Economia, p. 28

Para IBGE, foi a primeira resposta positiva após a crise. Mas cresceu o desalento

Pela primeira vez no ano, a crise parece ter dado alívio ao mercado de trabalho. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas do país foi de 8,1% em junho, após 8,8% em maio. Foi a terceira queda mensal seguida, porém, nos meses anteriores, a taxa havia recuado apenas 0,1 ponto percentual. O contingente de desocupados (1,9 milhão) recuou 8,3% frente a maio, mantendo-se estável em relação a junho de 2008.

A leitura dos números é positiva, dizem analistas. Mas eles esperam um ritmo melhor de criação de vagas quando a economia der sinais mais claros de retomada.

¿ Foi a primeira resposta positiva do mercado de trabalho após a crise. A crise não chegou tão forte no mercado de trabalho como se esperava e não conseguiu inverter os ganhos de 2008 ¿ afirmou Cimar Azeredo, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE.

Renda cresce 3% frente a junho de 2008 Azeredo ressalta que em São Paulo ¿ que responde por 40% da pesquisa ¿ a população economicamente ativa (pessoas empregadas ou em busca de trabalho) ficou estável em junho.

Já a população desocupada ficou 12,5% menor. Ou seja: não houve aumento no número de pessoas em busca de trabalho, mas o contingente de desempregados diminuiu: ¿ Em maio, mais de um milhão de pessoas procurava em emprego em São Paulo. Em junho, mais de 800 mil. Parte foi para a ocupação. Parte para inatividade.

Pode ser um sinal de desalento (quando as pessoas desistem de procurar trabalho) ou de que as pessoas aguardam resposta de empresas.

O nível do emprego surpreendeu os analistas. Para Fernando Montero, economista da Convenção Corretora, a queda no desemprego em junho foi além do padrão sazonalmente favorável da época.

Ele acredita que o desalento é o que mais explica a magnitude do recuo na taxa de desemprego. Silvia Ludner, economista do Banco Fator, lembra que, por um efeito estatístico, o desemprego pode subir nos próximos meses: ¿ Com a retomada da atividade, a confiança cresce. E a resposta é mais gente buscando emprego, fazendo com que a taxa de desocupação suba.

Em junho, o rendimento médio foi estimado em R$ 1.312,30 pelo IBGE, estável frente a maio e com alta de 3% em relação junho de 2008. Azeredo frisa que uma das marcas do crescimento sustentado da economia brasileira foi o ganho de renda contínuo.

¿ Essa foi uma crise própobre, onde os mais afetados estão nas classes A e B ¿ afirmou Marcelo Néri, economista da FGV.

Crise interrompeu aumento do emprego formal Renato Fonseca, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), prevê estabilidade na geração de empregos na indústria nos próximos meses.

¿ A retomada só deve ocorrer no fim do terceiro trimestre e no quarto trimestre.

O sociólogo Roberto Gonzalez, do Ipea, chama atenção para o aumento da informalidade.

O número de empregados com carteira cresceu 0,5% em junho. Já os postos sem carteira avançaram 2,5%.

¿ Não houve explosão do desemprego, porém a crise interrompeu o ritmo forte de formalização. O emprego formal está ligado à perspectiva de crescimento futuro.

Após quatro anos trabalhando numa agência de eventos, Ricardo Gaspar aproveitou os melhores ventos no mercado de trabalho para mudar de emprego. No início do ano, passou a ser gerente do novo Bar do Copa, no Copacabana Palace.

¿ Não saí para ganhar mais.

Investi na minha carreira.

COLABOROU: Danielle Nogueira