Título: Bolsa volta ao nível de antes do colapso dos mercados
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 28/07/2009, Economia, p. 17

Com fluxo favorável, dólar vai a R$ 1,875. Saldo estrangeiro na Bovespa já está positivo em R$ 1,4 bi em julho.

Apesar do dia fraco, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve ontem o oitavo pregão de ganhos nos nove recentes. O Índice Bovespa (Ibovespa) fechou em alta leve, de 0,17%, aos 54.548 pontos, o maior nível em pontos desde de 1ode setembro do ano passado, duas semanas antes da quebra do banco americano Lehman Brothers, que marcou o agravamento da crise financeira mundial.

Com o fluxo de dólares para países emergentes, como Brasil, Índia e China, a moeda voltou a cair. No Brasil, caiu 1,16%, para R$ 1,875, mantendo-se no nível de 26 de setembro.

O saldo (compras menos vendas) de estrangeiros na Bovespa em julho já está positivo em R$ 1,376 bilhão. Em junho, ficou negativo pelo primeiro mês desde fevereiro.

Só nos últimos nove pregões, o Ibovespa já acumula recuperação de 11,61%, com apenas uma leve queda, de 0,30%, na última quarta-feira, com investidores vendendo ações para embolsar os lucros recentes. Ontem, apesar de a alta ter prevalecido, este movimento se repetiu durante o dia, mantendo a Bolsa no terreno negativo durante quase toda a tarde, lembrou Álvaro Bandeira, economistachefe da corretora Ágora.

Balanço de bancos nos EUA pode estar inflado por títulos ruins Do lado positivo, ele destacou, o Departamento de Comércio do governo americano divulgou ontem que as vendas de novos imóveis em junho cresceram 11%, bem acima das expectativas do mercado, de um crescimento em torno de 3%. Foi a sexta alta mensal seguida.

Reforçando o otimismo, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, defendeu as ações da instituição e reafirmou sua percepção de melhora da economia do país, apesar de seu estado ainda vulnerável. Gravando um programa especial que será transmitido pela emissora de televisão PBS em três dias desta semana, Bernanke afirmou que a crise que se compara à de 1930 precisou de ações decisivas.

A alta de 0,17% e o movimento no dia da bolsa brasileira foram idênticos aos do índice Dow Jones, de Nova York ¿ que voltou ao nível de 5 de novembro.

A semelhança mostrou uma forte correlação entre os dois mercados, como tem ocorrido nas últimas duas semanas, avalia José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator. Boa parte do otimismo atual está ligada aos balanços do segundo trimestre de empresas e bancos americanos, lembra.

¿ Eu, particularmente, acho que a bolsa está cara aqui e nos Estados Unidos, fico com o pé atrás ¿ diz Gonçalves, para quem os balanços recentes de bancos americanos podem estar vindo artificialmente bons, já que as instituições não precisam mais marcar pelo valor de mercado os títulos de alto risco em seus balanços, mas apenas pelo valor de face.