Título: Isso é coisa de máfia, é a Camorra
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 31/07/2009, O País, p. 8

O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), disse que rejeitou proposta de um pacto de não agressão, feita por Renan Calheiros (PMDBAL), e que está disposto a ir para o tudo ou nada no Conselho de Ética. Chama de ¿coisa de máfia¿ a retaliação do PMDB, que deve de denunciálo, e diz que sua vida está aberta.

Maria Lima

O GLOBO: O que acha da representação do PMDB contra o senhor? ARTHUR VIRGÍLIO: Isso é quebra de decoro.

Ele não pode usar o mandato e a função de líder para retaliar alguém que está cobrando que o Conselho de Ética funcione e investigue denúncias envolvendo o presidente do Senado.

Renan tentou convencer o PSDB a não ir ao Conselho contra Sarney? VIRGÍLIO: Ele ligou para o presidente do partido, senador Sérgio Guerra. Falou em reciprocidade, no sentido de ¿você não me denuncia que eu não te denuncio¿. Isso para mim é coisa de máfia, é a Camorra (máfia italiana).

Renan ligou para o senhor para ameaçar? VIRGÍLIO: Ligou e não me encontrou. Liguei de volta e ele disse: ¿Se o PSDB fizer as representações, vamos ter de representar também contra o PSDB¿. Eu disse: ¿Renan, vamos ser francos, é contra mim, pois então vá em frente¿.

Vamos ver quem é quem. Minha vida está aí para examinarem. Eu tenho a deles na mão.

O PMDB vai questionar o fato de o senhor ter permitido que um funcionário seu ficasse dois anos na Espanha, recebendo do Senado.

VIRGÍLIO: Estou pagando os R$ 211 mil de salários e impostos referentes aos dois anos que o servidor (Carlos Alberto Andrade Nina Neto) passou no exterior. Vendi um terreno da minha mulher para pagar a primeira parcela de R$ 61 mil, recolhida ao Tesouro na rubrica fundos do Senado. Para pagar as outras parcelas vou ter que fazer empréstimo pessoal ou vender um carro. Estou devolvendo o dinheiro. Nunca houve isso na História do Brasil.