Título: Petrobras recebe empréstimo de R$ 25 bi do BNDES
Autor: Paul ,Gustavo
Fonte: O Globo, 31/07/2009, Economia, p. 31

Cotações mais altas do petróleo melhoram caixa da estatal, que não deverá utilizar os recursos este ano

Ramona Ordoñez e Liana Melo

A Petrobras assinou ontem o maior e mais longo financiamento da sua história: R$ 25 bilhões, que serão pagos em 19 anos e oito meses. O dinheiro sairá do caixa do Banco Nacional de desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas não deverá ser usado pela estatal este ano porque a empresa diz ter dinheiro em caixa devido ao aumento da cotação do barril do petróleo. O plano de investimento de 2009 prevê recursos de R$ 60 bilhões.

A cerimônia de assinatura do empréstimo, que ocorreu na sede da Petrobras, contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de três ministros, entre os quais Dilma Rousseff (Casa Civil), do governador do Rio, Sérgio Cabral, e do prefeito da cidade, Eduardo Paes.

O financiamento do BNDES será usado no programa de investimentos da Petrobras de US$ 174,4 bilhões para os próximos cinco anos. O diretor financeiro da empresa, Almir Barbassa, disse que a Petrobras ainda vai avaliar se fará a segunda captação de mais US$ 10 bilhões (cerca de R$ 20 bilhões) junto ao BNDES em 2010, como estava previsto.

¿ A gente não carimba dinheiro.

Com o nível de preços do petróleo, a geração de caixa da Petrobras é muito maior. Não estamos esperando consumir esses recursos do BN DES este ano ¿ disse Barbassa.

O executivo destacou que os preços do petróleo têm oscilado entre US$ 60 e US$ 70 o barril, contra a média mínima estimada no início do ano pela estatal, de US$ 37 o barril. Segundo ele, cada dólar a mais no preço do petróleo gera um aumento de caixa de US$ 500 milhões por ano.

O presidente Lula frustrou os convidados ao não discursar na cerimônia.

Em parte do evento, manteve conversas com Cabral, sentado ao seu lado. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também não falou.

Luciano Coutinho: `A Petrobras compra e o BNDES financia¿ Já a ministra Dilma mandou um recado claro de que outras empresas, além da estatal, terão acesso às áreas do pré-sal, mas sob algumas condições: ¿ Parte expressiva da renda petrolífera tem que ficar com o povo. Isso não significa que outros não poderão participar, mas não vai ser sob a forma tranquila com que se participava antes, quando o risco era altíssimo e o petróleo e a rentabilidade eram de baixa qualidade. Agora trata-se de baixo risco e de alta qualidade.

Segundo o governo, parte expressiva da renda oriunda do petróleo irá para um fundo social.

¿ O novo marco regulatório não vai prejudicar ninguém, vai beneficiar o país ¿ declarou o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, garantindo que a possibilidade de sucesso nas perfurações do pré-sal na área central da bacia de Santos é de 100%.

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, por sua vez, destacou a importância de a estatal ter lançado seu programa de investimentos de US$ 174,4 bilhões no início do ano, pois, apesar de muitos terem achado ousado, sua execução está garantida financeiramente.

¿ A Petrobras compra, e o BNDES financia ¿ disse o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

O prazo de financiamento do empréstimo, de 19 anos e oito meses, tem amortização de sete anos, ou seja, a companhia começa a pagar as parcelas ao BNDES a partir de 2016 e vai até 2029. Os recursos serão recebidos na forma de títulos do Tesouro Nacional. Apesar de o empréstimo ser concedido em reais será indexado à variação do dólar. O spread (taxa de retorno do BNDES) será de 1% ao ano.