Título: Novo Enem em discussão
Autor: Oliveto, Paloma
Fonte: Correio Braziliense, 07/04/2009, Brasil, p. 13

Reitores incluem mudanças na proposta de substituição do vestibular. Entre elas, a participação das universidades na elaboração da prova

O projeto do Ministério da Educação (MEC) de unificar o exame de acesso ao ensino superior ganhou duas modificações, por sugestão dos reitores das universidades federais e de representantes de associações estudantis. Caso implementada, a prova, que vem sendo chamada de novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), terá participação das instituições e das secretarias estaduais desde a formulação dos testes à fiscalização da aplicação. As unidades de ensino que aderirem também terão reforço orçamentário para o financiamento estudantil.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, reuniu-se ontem com 52 reitores e dois vice-reitores das 55 universidades federais para discutir a proposta. Ainda restam dúvidas técnicas e operacionais, mas, na avaliação de Haddad e do presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Amaro Lins, a recepção ao projeto foi positiva. Na quarta-feira, o MEC vai entregar aos reitores um termo de referência, contendo os detalhes do novo Enem, para que os conselhos consultivos das instituições analisem o projeto.

A expectativa do ministro é de que ainda neste ano o exame seja aplicado, em substituição ao vestibular tradicional e ao Enem. O que poderá atrapalhar os planos, porém, é a possibilidade de algumas instituições realizarem uma segunda fase nos processos seletivos. Nesse caso, Haddad reconhece que não haverá tempo hábil para a realização da prova ainda em 2009. O assunto precisa ser resolvido pelas universidades.

Simpático à ideia, o reitor da Universidade Federal do Vale do São Francisco, José Weber, diz que é preciso, contudo, ter cautela. ¿Para as universidades mais distantes dos grandes centros, poderá haver uma maior disparidade regional. Quando se nacionaliza o exame, pessoas com melhores notas podem se deslocar para locais mais distantes¿, diz. O medo do reitor é em relação aos cursos mais disputados, como medicina. Para ele, os estudantes locais poderão ficar prejudicados, já que é inconstitucional a adoção de medidas como reserva de vagas regionais. O ministro Fernando Haddad, porém, diz que não há motivo para preocupação. ¿As políticas afirmativas, como as cotas sociais, por exemplo, são compatíveis com o novo modelo que propomos.¿

Caso o exame unificado seja aprovado pelas federais ¿ segundo Haddad, mesmo que apenas 10 aceitem a proposta ela será colocada em prática ¿, o aluno poderá escolher cinco opções de cursos ou instituições diferentes. Primeiro, fará a prova e, com base na nota obtida, fará as escolhas. Todos os dias, o ministério vai disponibilizar, em tempo real, o número e a nota dos inscritos para cada curso de cada universidade. Assim, o candidato poderá avaliar quais as suas condições de ingresso. Será possível, inclusive, mudar as opções iniciais, obedecendo um cronograma.

Haddad também anunciou ontem que a verba do financiamento estudantil será ampliada em 2010, passando de R$ 200 milhões para R$ 400 milhões. Todas as instituições federais contarão com o benefício, mas aquelas que aderirem ao novo Enem terão o orçamento reforçado. O valor ainda não foi definido.