Título: Frei pede escolta para 70 pessoas ameaçadas
Autor: Blanco,Pedro Paulo
Fonte: O Globo, 02/08/2009, O País, p. 12

Religioso francês pressiona governo do Pará e diz que abrirá mão de sua própria proteção

BELÉM. Há três anos, o frei Henry Burin des Roziers, presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Xinguara, no sul do Pará, não sabe o que é andar desacompanhado. A proteção, feita por três policiais militares, foi determinada pelo governo estadual em 2005, depois que a Polícia Federal soube que o frade francês estava na ¿lista negra¿ dos fazendeiros. Nesse mesmo ano, a missionária americana Dorothy Stang foi assassinada por pistoleiros em Anapu, também no sul do Pará.

A escolta que acompanha frei Henry, de 79 anos, pode estar com os dias contados. O missionário dominicano divulgou na semana passada uma lista com 70 nomes marcados de morte por fazendeiros do Pará. Desse total, só dez fazem parte do Programa Estadual de Defesa de Vítimas, da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos.

Frei Henry deu um ultimato ao governo paraense.

¿ Se todos os outros 60 ameaçados não forem incluídos nos próximos dias, abro mão de minha escolta.

Em Xinguara, comenta-se que, sem proteção, o frade seria um alvo fácil para pistoleiros.

Ele diz não se importar: ¿ Minha luta por quem precisa de terra é muito maior que qualquer ameaça. Se o governo não olhar pelas pessoas necessitadas, famílias inteiras vão morrer nas mãos de grileiros.

Segundo ele, nos últimos quatro anos, a CPT de Xinguara registrou 15 mortes no campo.

Em todos os casos foram instaurados inquéritos policiais, mas até hoje ninguém foi preso. (Pedro Paulo Blanco) n Editoria de Arte