Título: Brasil e Paraguai: construção de uma nova etapa
Autor: Alencar, Emanuel
Fonte: O Globo, 02/08/2009, Economia, p. 30

No sábado passado, 25 de julho, em Assunção, assinamos um acordo histórico, que abre nova etapa nas relações entre o Brasil e o Paraguai.

Com decisões práticas e inéditas, reafirmamos a importância fundamental de Itaipu como fator de integração entre nossos povos e nos comprometemos a avançar em outros temas centrais da nossa agenda bilateral ¿ infraestrutura, comércio, cooperação técnica, assuntos migratórios e fundiários.

Estamos convencidos de que Brasil e Paraguai, com o entendimento que nos foi possível alcançar, subiram vários degraus em sua trajetória de colaboração e fortaleceram de modo duradouro sua amizade e confiança.

Concretizamos avanços importantes, que respondem, acima de tudo, à vocação democrática e integracionista de nossos povos, baseada na solidariedade, sem preconceitos ou paternalismos.

Um relacionamento que reduza assimetrias e disparidades, em prol do progresso mais harmônico e equilibrado de nossa região.

A despeito da diversidade de pontos de vista sobre o tema de Itaipu, o Brasil e o Paraguai construíram significativos pontos de coincidência, seja em matéria de cessão de energia ou venda direta no mercado brasileiro, seja no tocante à construção da linha de transmissão. Isto foi possível pelo grau de maturidade, franqueza e respeito mútuo do diálogo que nossos governos iniciaram há quase um ano. Ajudou também o alto nível de entendimento político que soubemos preservar, conscientes do valor da obra de Itaipu e, sobretudo, do muito que une nossos países nos mais diversos campos de cooperação.

Isso nos permitiu concluir um processo em que todos somos vencedores.

Sentimos orgulho por havermos protagonizado este momento crucial na história das relações entre o Brasil e o Paraguai. Estamos determinados a tornar realidade o objetivo de crescermos juntos, de superarmos unidos os desafios que nos são impostos no plano internacional, como a atual crise financeira gerada nos países desenvolvidos, e de consolidarmos o nosso próprio paradigma de integração regional.

Brasil e Paraguai vivem um momento auspicioso, que haverá de redundar em mais e melhor cooperação. Mais e melhor cooperação não apenas em Itaipu, mas também em outras áreas que sabemos ter especial relevância, como a contribuição ao desenvolvimento dos dois países dada pelas comunidades de brasileiros que vivem e trabalham no Paraguai, e de paraguaios que vivem e trabalham no Brasil.

Nossos governos têm discussões a aprofundar e compromissos a executar, passos novos para continuarmos avançando em nosso projeto comum. O diálogo não terminou no dia 25 de julho. Apenas alcançou outro patamar. Por isso, resolvemos nos reunir a cada três meses e atribuir aos nossos chanceleres a tarefa de monitorar a implementação do que foi acordado.

Não é, pois, mera figura de retórica o título da Declaração Conjunta assinada em Assunção: ¿Construindo uma nova etapa na relação bilateral¿.

Manteremos o propósito de buscar convergências, dentro do espírito de lealdade e confiança que tradicionalmente inspira o diálogo entre o Brasil e o Paraguai.

Temos diante de nós uma rota clara a seguir: continuar a fazer de Itaipu uma parceria capaz de trazer sempre benefícios concretos para os dois países. A declaração conjunta de 25 de julho determina as ações a serem tomadas.

Haverá de ser uma bússola segura. Julgamos essencial também que, ao lado da cooperação energética, avancemos nos demais temas estabelecidos na declaração, que, em seu conjunto, define as diretrizes que traçamos para que a relação entre o Brasil e o Paraguai se aprofunde. É o que esperam todos os nossos cidadãos.