Título: Golpistas tentam ganhar tempo em Honduras
Autor: Scofield Jr., Gilberto; Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 01/08/2009, O Mundo, p. 38

TEGUCIGALPA. O presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, voltou a afirmar ontem que "sob nenhuma circunstância" permitirá o retorno do presidente deposto Manuel Zelaya ao poder, pondo fim a dúvidas sobre o assunto após declarações desencontradas nos últimos dias. Micheletti também solicitou a mediadores na Costa Rica o envio de uma nova missão para negociar o conflito político do país. Já seus aliados no Congresso, que o indicaram ao cargo depois do golpe militar de 28 de junho, adiaram para segunda-feira a análise de um projeto de lei que concederia anistia política aos dois lados do impasse.

As medidas foram vistas como uma estratégia do governo golpista para ganhar tempo e esvaziar as pressões pela restituição de Zelaya, de forma a poder controlar as eleições presidenciais marcadas para novembro. Mas a comunidade internacional, que defende o cumprimento do mandato de Zelaya, até janeiro, já avisou que não reconhecerá uma eleição encaminhada pelos golpistas.

Internamente, as pressões voltaram a crescer ontem e milhares de seguidores de Zelaya saíram às ruas da capital, Tegucigalpa, e de outras quatro cidades do país pedindo a volta do líder, exilado na Nicarágua. Na véspera, manifestações em 11 pontos do país foram reprimidas pela polícia com gás lacrimogêneo e tiros, deixando 88 presos e 26 pessoas feridas, sendo uma baleada na cabeça.

Os protestos aconteceram enquanto o presidente deposto se encontrava em Manágua com o embaixador americano em Honduras, Hugo Llorens. Micheletti criticou o encontro.

- O embaixador cometeu um grave erro de intromissão (nos assuntos internos de Honduras) - afirmou.