Título: Zoghbi fraudou folha de pagamentos do Senado
Autor: Carvalho, Jailton de; Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 03/08/2009, O País, p. 3

BRASÍLIA. A comissão de sindicância do Senado que investigou a máfia do crédito consignado concluiu que o ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi fraudou o sistema que gerencia a folha de pagamento da Casa para burlar o limite de endividamento dos servidores e implantou no Senado um esquema de agiotagem. A empresa Contact Assessoria de Crédito (que tinha a ex-babá octogenária de Zoghbi como sócia-laranja) foi a maior beneficiária.

Essa conclusão integra o relatório sigiloso que está na 1ª secretaria do Senado desde 15 de junho. Os achados embasam agora o processo de expulsão de Zoghbi do serviço público. A Polícia Federal também investiga o caso.

A fraude acontecia quando Zoghbi entrava no sistema Ergon, que administra a folha de pagamento, e inseria um adicional de renda para o funcionário. Com o salário artificialmente inflado, era possível fazer o empréstimo consignado acima do teto de 30% da renda real do trabalhador. O ex-diretor admitiu que fraudou pelo menos 10% dos pedidos de crédito. E se justificou alegando que atendeu aos apelos de servidores com problemas financeiros graves.

A sindicância foi conduzida por três servidores, Asael Sousa, Sergio Paulo Lopes Fernandes e Arlindo Fernandes de Oliveira. A assessoria do 1º secretário, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), informou que os dados não podiam ser confirmados porque o relatório está sob sigilo.

Cerca de mil funcionários teriam conseguido burlar o limite de crédito com ajuda de Zoghbi. O relatório concluiu que essa fraude tinha o propósito de "favorecer a si ou a outrem". Além disso, informações confidenciais dos funcionários foram repassadas a terceiros, inclusive a Contact. Isso permitiu que os trabalhadores fossem assediados por corretores, inclusive com invasão de local de trabalho, telefones e e-mails. De acordo com o relatório, isso acabou "atrapalhando os trabalhos e estimulando a agiotagem".