Título: Conselho já recebeu 11 ações contra Sarney
Autor: Lima, Maria; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 30/07/2009, O País, p. 8

Renan chama representações de tucanos de "insensatez" e diz que pedirá cassação de Virgílio na segunda-feira

BRASÍLIA. O troco do PMDB ao PSDB no Senado será dado segundafeira, quando a cúpula do partido deve protocolar representação pedindo ao Conselho de Ética que casse o mandato do líder tucano, Arthur Virgílio (AM), por quebra de decoro.

O PMDB se baseia no fato de que o tucano admitiu ter empregado em seu gabinete um funcionário fantasma que morava e estudava no exterior. O colegiado já contabilizava ontem 11 pedidos de investigação contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP): cinco representações e seis denúncias.

Os líderes do PSDB saíram na frente, e terça-feira encaminharam ao Conselho três representações contra Sarney, que também podem resultar em cassação. Ontem foi a vez de o PSOL protocolar outra representação contra o presidente da Casa. O líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), classificou as representações tucanas contra Sarney como ¿marcha da insensatez¿: ¿ Uma coisa é tolerar as loucuras do Arthur Virgílio; outra coisa é o PSDB assumir partidariamente essas insanidades. Decidimos representar contra o Arthur Virgílio. Essa é a marcha da insensatez. Paciência! ¿ disse Renan. ¿ Se o PSDB decidiu por um conflito partidário, não há como o PMDB agir diferente.

Infelizmente, isso virou uma questão político-partidária.

O PSOL quer que o Conselho investigue a denúncia de que Sarney não declarou à Justiça Eleitoral a compra de sua casa no Lago Sul, em Brasília, avaliada em R$ 4 milhões. E apurar se o senador mentiu ao declarar que não tinha ¿responsabilidade administrativa¿ sobre a Fundação Sarney. O PSOL quer ainda apuração de um patrocínio cultural de R$ 500 mil dado pela Petrobras à Fundação Sarney.

Virgílio e o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) encaminharam duas novas denúncias ao Conselho. Querem investigar se Sarney teria sonegado impostos na venda de terras do sítio São José do Pericumã.

Também pedem apuração sobre a atuação do ajudante de ordens de Sarney, Aluísio Guimarães Filho, que, segundo o ¿Correio Braziliense¿, teria passado informações privilegiadas da Polícia Federal ao grupo do empresário Fernando Sarney, filho do presidente da Casa.

Na mira do PMDB estariam ainda Tião Viana (PT-AC), por ter emprestado um telefone do Senado para a filha viajar ao exterior; Tasso Jereissati (PSDBCE), pelo uso da cota de passagens para fretamento de jatinho; José Nery (PSOL-PA), por ter pego carona num jatinho de empresários para votar na eleição para a presidência do Senado; e Efraim Morais (DEM-PB), que comandou a 1aSecretaria da Casa e cuja gestão está sendo investigada pela Polícia Federal.