Título: Novo Enem tentará coibir chutes nas respostas
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 30/07/2009, O País, p. 11

Inep divulga simulado com 40 questões; perguntas deixadas em branco vão contar como erro no novo teste

BRASÍLIA. As notas dos participantes do novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não serão decididas somente com base no número de acertos, mas também no grau de dificuldade das questões e numa fórmula estatística que, em tese, é capaz de tirar pontos de quem chutar as respostas. Os resultados serão calculados por um software, que vai gerar quatro notas, uma para cada área avaliada nas provas objetivas: linguagens, matemática, ciências humanas e ciências da natureza.

Haverá ainda uma redação.

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Reynaldo Fernandes, apresentou ontem um simulado com 40 questões do novo Enem ¿ dez de cada área. As questões e as respostas estão disponíveis para download no site do Inep (www.enem.inep.gov.br) ou do GLOBO (www.oglobo.com.br/educacao/vestibular).

Os resultados do novo Enem em 2009 serão comparáveis aos das próximas edições do exame ¿ a ideia do MEC é realizar dois testes por ano, a partir de 2010. Para que isso seja possível, as provas seguirão a Teoria de Resposta ao Item (TRI), já utilizada em testes como a Prova Brasil, o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) e o Toefl (Test of English as a Foreign Language).

A TRI prevê questões com grau de dificuldade variado ¿ fáceis, médias e difíceis ¿, capazes de discriminar quem sabe mais ou menos; e um mecanismo de ¿controle de acertos ao acaso¿, isto é, a capacidade de detectar chutes. Fernandes explicou que o software Bilog, de origem americana, leva em conta se o participante errou as questões fáceis e acertou as difíceis. Nesse caso, o estudante perderia pontos.

Mas o próprio presidente do Inep recomendou aos participantes que não deixem questões em branco. Ele afirmou que o software entende as questões em branco como erro. Fernandes enfatizou que a TRI vai muito além de atribuir pesos diferentes para cada questão. O modelo estatístico analisa o conjunto de respostas. Segundo ele, o Inep vai divulgar as informações técnicas necessárias para que qualquer especialista seja capaz de calcular as notas do Enem divulgadas pelo instituto, que é vinculado ao MEC.

Para garantir a correta classificação do grau de dificuldade, o Inep realizou um pré-teste com alunos do ensino médio e universitários. De 3 mil questões pré-testadas, 10% foram para a lata do lixo.

¿ Você já fez exame de sangue? É complicado, mas a gente acredita ¿ brincou Fernandes, afirmando que a TRI é segura e começou a ser utilizada mundialmente nos anos 1980.

Com uma fórmula tão complexa, os gabaritos do novo Enem não permitirão aos estudantes saber sua nota final. Isso porque um aluno pode acertar mais da metade da prova e, ainda assim, tirar menos de 5. A escala do novo Enem pode ir de 0 a 100 pontos ou de 0 a 1.000.

Caberá a cada universidade definir o uso das notas do Enem.

Elas poderão considerar a média total, somando os cinco resultados e dividindo por cinco; ou dar mais peso para uma ou outra área, conforme o curso. O MEC também terá de definir o critério para ingresso no programa Universidade para Todos (ProUni). Desde 2005, o Enem seleciona os bolsistas.

O novo Enem será aplicado em 3 e 4 de outubro. Cada prova terá 45 questões. O número de inscritos chegou a 4,5 milhões.

Um novo simulado poderá ser divulgado antes de outubro.