Título: Setor público registra no 1º semestre maior déficit desde 2001: R$ 43,68 bi
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 30/07/2009, Economia, p. 24

Medidas contra a crise global e queda na arrecadação afetaram resultado

BRASÍLIA. Dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC) apontam que o setor público brasileiro fechou o primeiro semestre com um déficit nominal ¿ receitas menos despesas, incluindo pagamento de juros ¿ de R$ 43,682 bilhões, seis vezes acima do mesmo período de 2008 e o maior da série histórica, iniciada em dezembro de 2001. O número foi afetado pelos gastos maiores do governo para enfrentar a crise e pela queda na arrecadação.

¿ O governo fez ações anticíclicas, tanto que a meta (de superávit fiscal primário) foi reduzida (de 3,8% para 2,5% do PIB em 2009) ¿ afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.

No semestre passado, o superávit primário do setor público ¿ economia para pagar juros e abater a dívida ¿ foi de R$ 35,255 bilhões, o pior resultado desde 2002 (R$ 31,903 bilhões). O número é quase 60% menor que o de um ano antes, de R$ 81,713 bilhões. E representa 2,04% do Produto Interno Bruto (PIB) em 12 meses ¿ pelo segundo mês consecutivo, abaixo da meta para o período, de 2,5% do PIB.

Só em junho, o superávit primário ficou em R$ 3,376 bilhões, queda de R$ 7 bilhões frente a 2008 (R$ 10,322 bilhões).

Segundo Lopes, a meta será cumprida, mas, para isso, o governo poderá utilizar o Projeto Piloto de Investimento (PPI). Este permite abater 0,5 ponto percentual da meta.

Apesar do esforço para indicar que o cenário futuro é positivo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, teve de admitir: ¿ A crise atrapalhou a meta de zerar o déficit nominal em 2009 ou 2010. Postergamos isso para 2011 ou 2012.

Para analistas, com a recuperação econômica, o governo deverá suspender algumas medidas contra a crise, o que vai melhorar as contas públicas.

¿ Não vejo sinais de insolvência ¿ afirmou o analista do Itaú-Unibanco Maurício Oreng.

COLABOROU Martha Beck