Título: Bônus dá multa de US$ 33 milhões
Autor: Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 04/08/2009, Economia, p. 20

Bank of America enganou investidor na compra do Merrill Lynch

WASHINGTON e NOVA YORK. O Bank of America (BofA) concordou em pagar multa de US$ 33 milhões para encerrar um processo no qual era acusado de enganar investidores sobre os planos do Merrill Lynch para pagar bônus a seus executivos. Ao buscar aprovação para a compra do Merrill ¿ fechada em 15 de setembro ¿, o BofA disse aos investidores que o banco havia concordado em não pagar bônus sem seu consentimento. Mas, sem que os investidores soubessem, o BofA já havia autorizado o Merrill a pagar US$ 5,8 bilhões em bônus, afirmou a Securities and Exchange Commission (SEC, o órgão regulador dos mercados americanos) no processo.

O acordo entre Merrill e BofA havia sido omitido das autoridades reguladoras, afirmou a SEC. Com isso, o comunicado do BofA a 283 mil acionistas das duas empresas sobre o acordo com o Merrill tornou-se ¿materialmente falso e enganador¿, segundo a SEC.

O BofA concordou em pagar US$ 33 milhões para encerrar o processo, sem admitir ou negar as acusações. Ainda falta aprovação judicial. Em nota, o banco disse acreditar que o acordo ¿representa uma conclusão construtiva para a questão¿. O bônus representa cerca de 12% dos US$ 50 bilhões que o BofA pagou pelo Merrill. O BofA recebeu US$ 45 bilhões do governo americano. Os acionistas aprovaram a operação em 5 de dezembro, e esta foi fechada em 1ode janeiro. Segundo a SEC, os bônus foram pagos em 31 dezembro.

Mas a polêmica não acabou. Em breve, o Departamento do Tesouro terá de autorizar ou não o pagamento de US$ 100 milhões a Andrew Hall, diretor da Phibro, que negocia commodities.

Hall fez jus ao bônus após um ano de agressivas apostas no mercado de petróleo. O problema é que seu contrato era com o Citigroup, que recebeu US$ 45 bilhões dos cofres públicos e hoje tem 30% das ações nas mãos do governo. Além disso, atribui-se a disparada das cotações do petróleo ano passado ¿ quando passaram de US$ 140 ¿ em parte a negociações como as de Hall. Fontes ligadas à Phibro dizem que a empresa tenta fugir da polêmica, buscando um ¿divórcio tranquilo¿ do Citi. (Do New York Times, com agências internacionais)