Título: Tarso diz que fica no governo até dezembro
Autor:
Fonte: O Globo, 29/07/2009, O País, p. 4

Para adversários, comandar a PF, que investiga políticos, é incompatível com candidatura no Sul

Eduardo Rodrigues e Maria Lima

BRASÍLIA. Pré-candidato do PT ao governo do Rio Grande do Sul, o ministro da Justiça, Tarso Genro, disse ontem que deseja deixar a pasta em dezembro, para se dedicar à política no estado.

Não descartou, porém, a possibilidade de ficar no cargo até abril de 2010 ¿ prazo oficial de desincompatibilização dos candidatos ¿, se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedir.

Alguns políticos contestam sua permanência no governo.

Consideram que o ministro da Justiça, que comanda uma área sensível do governo, já atua como candidato, após ter seu nome aprovado em convenção do PT gaúcho.

Os adversários de Tarso questionam principalmente o fato de o ministro comandar a Polícia Federal, que investiga denúncias de corrupção contra a governadora tucana do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius.

No estado, uma das adversárias mais ferrenhas da governadora é a deputada Luciana Genro (PSOL), filha do ministro.

¿ Queria dar uma descansada e estudar a realidade política que vou enfrentar no próximo período. Gosto de ouvir pessoas, gosto de debate. Isso daria um tempo para me reciclar em relação às coisas do meu estado, que realmente não estou acompanhando de maneira profunda ¿ admitiu Tarso, ontem.

¿Estão fazendo horrores aqui contra a Yeda¿, diz Simon Ele disse que respeitará a decisão de Lula, mas aproveitou para dizer que seu cargo no governo mais o prejudica do que ajuda em sua candidatura: ¿ Tenho o dever da lealdade com o presidente e com a confiança que ele me atribuiu, inclusive me colocando nesse cargo, um dos mais duros da República.

É até um cargo não muito bom para fazer campanha eleitoral, porque normalmente é destruidor de alianças nos estados.

Adversários de Tarso discordam.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse ser incompatível a permanência no ministério com a candidatura já nas ruas: ¿ Ele continuar ministro sendo candidato oficial escolhido em convenção é um perigo! O Tarso não se controla. Estão fazendo horrores aqui contra a Yeda. Ele não tinha que se lançar agora candidato.