Título: Governo tenta evitar crise com petistas
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Fonte: O Globo, 29/07/2009, O País, p. 5

BRASÍLIA. Um dia após ter desautorizado publicamente o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (PT), o governo pôs panos quentes para evitar uma crise entre o Planalto e a bancada petista. O ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, telefonou ontem para Mercadante e os outros 11 senadores petistas para negar que tivesse desautorizado a nota, divulgada semana passada, defendendo licença temporária do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, também entrou em campo para reduzir o mal-estar provocado pelas declarações de Múcio.

Num tom bem mais ameno, Múcio disse a Mercadante que na entrevista concedida na véspera dissera apenas que era preciso verificar se a nota refletia a posição da bancada ou de um ou dois senadores.

¿ Jamais desautorizaria qualquer líder. Como o meu papel é de agregar e unificar a base, com essa declaração quis dizer que havia espaço para o diálogo.

O ministro disse não ter poder para desautorizar Mercadante e elogiou o líder: ¿ Não tenho autoridade, nem razão nem motivo para desautorizálo. Mercadante é um senador respeitado, competente e líder de uma das principais bancadas de apoio ao governo.

O tom conciliador foi provocado após forte reação, nos bastidores, dos senadores petistas.

Paulo Bernardo também tentou amenizar o desgaste do governo ¿ que ficou contra o PT para defender Sarney. Logo cedo, telefonou para Mercadante para dizer que na reunião de coordenação política não houve posição de governo contrária à nota.

E Múcio, nas primeiras horas da manhã, disse a Mercadante que não haveria interferência do governo na crise.

¿ Os senadores são soberanos para decidir. A nós (governo) interessa que o problema tenha um fim, que a crise passe.

Não tenho autoridade para desautorizar nenhum senador, nem o líder. Temos que ajudar a resolver os problemas, não aumentálos ¿ disse Múcio.

Múcio disse ter falado ainda com o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), com o ministro da Secretaria Geral, Luiz Dulci, e com o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho.

Procurado pelo GLOBO, Mercadante não retornou o pedido de entrevista. Segundo sua assessoria, estava no interior de São Paulo. Em sua página no Twitter, ele evitou a polêmica e disse que haverá reunião da bancada na próxima semana: ¿Sobre a crise do Senado e os fatos novos que ocorreram durante o recesso, eu me posicionei publicamente por uma nota divulgada na imprensa. Não tenho mais nada a acrescentar. Aguardarei a reunião da bancada¿.