Título: PT lança pré-candidatura de Tarso no RS
Autor: Souza, Carlos
Fonte: O Globo, 20/07/2009, O País, p. 4

Ministro critica PMDB e diz que Dilma terá dois palanques no estado

Carlos Souza*

PORTO ALEGRE. Contrariando a orientação da direção nacional do PT de não antecipar o calendário eleitoral estadual, o ministro da Justiça, Tarso Genro, foi escolhido ontem pré-candidato do PT ao governo do Rio Grande do Sul em 2010. Ao fim do 19º Encontro Estadual, que durou dois dias e levou mais de mil delegados à Assembleia Legislativa, o PT manifestou a intenção de convidar o PDT para integrar a chapa majoritária, ocupando a vaga da vice.

O PT gaúcho identifica no PMDB o seu principal adversário na próxima eleição. Segundo Tarso, o PMDB, que na esfera federal, é aliado do governo Lula, representa o "eixo da centro-direita e do antipetismo no Rio Grande do Sul". Dessa forma, a provável candidata do Planalto à sucessão presidencial, a ministra Dilma Rousseff, teria dois palanques no Estado:

- Já ocorreu com Lula. Não temos nenhuma objeção a qualquer partido que queira aderir à candidatura de Dilma, mas o palanque do PT aqui é de esquerda e conversa com o centro. Saiba Dilma que o palanque que pode dar a vitória é o do PT.

Segundo o ministro, o PMDB é um partido irregular no Brasil e seria um "desrespeito chamá-lo" para negociar um acordo, já que a legenda tem projeto próprio no Rio Grande do Sul, é o cerne de sustentação do governo Yeda Crusius (PSDB) e sempre fez coalizões à direita para combater as propostas e os candidatos do PT.

A definição com antecedência do nome do postulante petista ao Palácio Piratini se contrapõe à diretriz do Diretório Nacional, de subordinar as disputas estaduais à eleição presidencial, buscando primeiro consolidar uma política de alianças em favor de Dilma.

- A demora na escolha do candidato dificulta a composição das alianças - justificou o pré-candidato petista.

Após a aclamação do nome de Tarso, o presidente regional, Olívio Dutra, disse que a antecipação é uma medida acertada:

- Vamos ter tempo para a construção de uma coligação programática do campo popular que saia unida no 1º turno.

Partidos como o PTB, por exemplo, só serão procurados pelo PT se abandonarem a base de apoio de Yeda.

- Mesmo que chegue ao fim, o governo Yeda está em fase terminal - diagnosticou Tarso, que recebeu o apoio dos outros dois pretendentes à pré-candidatura, Adão Villaverde e Ary Vanazzi, sem necessidade de votação.

Tarso disse que o presidente Lula decidirá em 30 dias quando os ministros que irão concorrer devem sair do governo, embora o prazo legal seja março do ano que vem:

- Eu não misturo as duas coisas. Podemos compatibilizar plenamente as nossas ações como gestores públicos e a condição de pré-candidato.