Título: Lula recebe Collor, 1 dia após bate-boca com Simon
Autor: Damé, Luiza; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 06/08/2009, O País, p. 9

Embora em meio à crise no Senado, assessoria do Planalto diz que conversa girou sobre Venezuela e Mercosul

Luiza Damé e Gerson Camarotti

BRASÍLIA.O presidente Lula recebeu na noite de anteontem, em seu gabinete e sem divulgação na agenda oficial, o senador Fernando Collor (PTB-AL) ¿ que, na véspera, fizera uma defesa veemente do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), com ataques raivosos ao senador Pedro Simon (PMDB-RS).

Setores do PT consideraram inoportuno o encontro de Lula com Collor no CCBB, sede provisória da Presidência da República.

Alguns desses petistas teriam tratado com o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, sobre a inconveniência do encontro. Um dos que teriam se manifestado dessa forma foi a líder Ideli Salvati (PT-SC).

A alegação de auxiliares do presidente Lula é que, embora a audiência não constasse da agenda, o encontro estava previsto há 15 dias, e não podia ser desmarcado. Oficialmente, os dois conversaram sobre a entrada da Venezuela no Mercosul, defendida por Lula, mas combatida com veemência por Collor. Lula quer convencer Collor a mudar de posição e votar a favor do ingresso da Venezuela no Mercosul.

Além de Collor, Lula conversou na noite de anteontem com o presidente da Câmara, Michel Temer (SP). A avaliação no Planalto era que a situação no Senado estava mais tranquila em relação à segunda-feira, quando os senadores pró e contra Sarney trocaram graves acusações no plenário.

Na segunda-feira, ao rebater discurso de Simon contra Sarney, Collor ameaçou revelar dados sobre a vida do senador gaúcho, quando considerasse oportuno. Ontem, Collor se negou a dar entrevista. Simon quer que ele seja ouvido pela corregedoria.

Mas a interpelação que ele apresentou precisa ser refeita, porque não atendeu a critérios do regimento.

Anteontem, quando deixava o Senado, Collor foi perguntado por equipes de TV sobre o que achava de Simon ter apresentado interpelação contra ele.

¿ Manda ele ir... ¿ disse Collor, entrando no carro