Título: CPI vai investigar Yeda na Assembleia gaúcha
Autor: Souza, Carlos
Fonte: O Globo, 07/08/2009, O País, p. 14

Oposição consegue adesão de deputados da base e chega a 38 assinaturas; comissão deve ser instalada em três dias

Carlos Souza*

PORTO ALEGRE. Com o dobro de assinaturas necessárias para sua instalação, foi protocolado ontem na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul o requerimento para uma CPI que investigará a governadora Yeda Crusius. O documento contava, no início da noite, com 38 assinaturas - eram necessárias 19. Houve adesão de deputados de partidos da base governista, como PMDB, PP e PTB.

O presidente da Assembleia, Ivar Pavan (PT), disse que o pedido de CPI será protocolado na assessoria jurídica da Casa para avaliação regimental. Depois, as bancadas terão cinco dias para indicar seus representantes.

- Feito isso, em três dias a CPI deverá ser instalada. Serão 120 dias de trabalho, prorrogáveis por mais 60, que deverão esclarecer a sociedade sobre as denúncias - afirmou.

A CPI pedirá à Justiça Federal os documentos que comprometem Yeda. Alvo de uma ação por improbidade administrativa, ela é acusada de desvio de verba pública e enriquecimento ilícito. O Ministério Público Federal pediu o afastamento de Yeda do cargo. Ontem, servidores públicos fizeram manifestação em frente ao Palácio Piratini, sede do governo, pedindo o impeachment de Yeda.

A governadora chamou de "circo político, talvez montado por ideologia ou gosto partidário", a ação civil por improbidade administrativa ajuizada anteontem pelo MPF contra ela e mais oito pessoas. Ela disse que vai entrar com uma reclamação no Conselho Superior do Ministério Público contra os procuradores autores da ação de improbidade, por entender que eles "exorbitaram" de suas funções.

Para Yeda, o comportamento dos seis procuradores que anunciaram a ação por improbidade em uma entrevista coletiva "não era um falar de promotores. Eram juízes, entre aspas, já chamando nove pessoas de réus".

A governadora mais uma vez sugeriu que o ministro da Justiça, Tarso Genro, pré-candidato ao governo gaúcho, está por trás de vazamentos da Polícia Federal, subordinada a ele. Tarso nega manipular a PF.

A tucana disse que sua defesa será feita pela procuradoria do estado e pelo seu advogado, Eduardo Alckmin. Para demonstrar sua disposição de permanecer no cargo, ela pronunciou frases como "meu nome é luta" e "estou de lança em punho para impedir o retrocesso democrático".

A juíza Simone Barbisan Fortes, da 3ª Vara da Justiça Federal de Santa Maria - onde tramita o processo sobre a fraude de R$44 milhões do Detran-RS, da qual os acusados teriam se beneficiado - recebeu ontem a ação do MP. Depois de notificados, Yeda e os demais acusados terão 15 dias para apresentar defesa.

(*) Especial para O GLOBO