Título: CPI da Petrobras barra pedidos da oposição
Autor:
Fonte: O Globo, 07/08/2009, O País, p. 13

Relator adia votação sobre convocação de ex-secretária da Receita e investigação sobre Fundação José Sarney

Bernardo Mello Franco e Leila Suwwan

BRASÍLIA. Na primeira reunião da CPI da Petrobras no Senado, a bancada governista demonstrou ontem que pretende usar a maioria folgada para ditar o ritmo dos trabalhos e barrar a apuração de denúncias que possam atingir a direção da estatal e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Relator da CPI, o líder do governo Romero Jucá (PMDB-RR) defendeu que sejam ouvidos 14 dirigentes da Petrobras e da Agência Nacional do Petróleo (ANP), mas deu parecer contrário a 66 dos 88 requerimentos apresentados. Sem consenso, a comissão aprovou um plano de trabalho genérico e adiou a votação dos pedidos mais polêmicos da oposição.

A lista de vetos de Jucá foi encabeçada por dois requerimentos. Um deles pede informações sobre patrocínios da Petrobras à Fundação José Sarney, acusada de desviar verbas para empresas fantasmas ou ligadas ao presidente do Senado. Outro pede a convocação da ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira, demitida depois que o órgão considerou irregular a manobra contábil que baixou o recolhimento de impostos pela estatal. Sob protestos da oposição, Jucá manteve os pareceres contrários e adiou as votações. O primeiro depoimento, de Otacílio Cartaxo, novo secretário da Receita, ficou para terça-feira.

Autor do requerimento de criação da CPI, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) acusou Jucá de tentar organizar um falso tribunal para absolver todos os denunciados.

- Vossa Excelência optou por convocar aqueles que supostamente defenderão a causa governista e eliminou preliminarmente aqueles que podem denunciar. Teremos um tribunal só com advogados de defesa e sem promotor - disse.

Jucá insinuou que a oposição tentaria usar a CPI para aumentar a pressão pela saída de Sarney.

- Esta CPI vai ser um embate sobre o presidente Sarney? - perguntou.

E disse que a CPI não foi criada para punir dirigentes da Petrobras.

O líder do DEM, José Agripino Maia (RN), protestou:

- O viés apresentado pelo senador Romero Jucá é completamente governista.