Título: Assembleia terá acesso a ação contra Yeda
Autor: Souza, Carlos
Fonte: O Globo, 08/08/2009, O País, p. 12

Juíza permite que integrantes da CPI que investigará governadora tucana possam consultar processo por improbidade

Especial para O GLOBO

PORTO ALEGRE. A juíza Simone Barbisan Fortes, da 3aVara Federal de Santa Maria (RS), concedeu à Assembleia Legislativa acesso ao conteúdo da ação civil por improbidade administrativa movida pelo Ministério Público contra a governadora Yeda Crusius (PSDB) e mais oito pessoas. Os detalhes das acusações contra Yeda não foram divulgados pelo Ministério Público, que alegou que há informações sob segredo de Justiça.

A CPI da Corrupção, como está sendo chamada, já tem data de instalação ¿ dia 20 deste mês ¿ e deve ser presidida pela deputada petista Stela Farias.

Com a decisão da juíza, a CPI terá acesso à investigação.

A magistrada ainda deverá decidir sobre a suspensão do sigilo do processo. Mas disse que o sigilo sobre informações de dados bancários ou fiscais é garantido legalmente. O fim sigilo da ação foi requerido à juíza pelo presidente da Assembleia, Ivar Pavan (PT), pelo presidente da OAB-RS, Cláudio Lamachia, e pelo deputado Fabiano Pereira (PT), além do próprio MPF.

Também tramitam na Assembleia dois pedidos de impeachment contra a governadora, protocolados pelo Fórum dos Ser vidores Públicos e PSOL. Pavan disse que segundafeira procuradores do Legislativo vão examinar a ação.

¿ É uma crise que paralisa o Estado ¿ disse Pavan.

A defesa de Lair Ferst, apontado como pivô do escândalo do Detran, do qual teriam sido desviados R$ 44 milhões, pediu à Justiça que seja anexado CD com gravações de áudio de conversas entre seu cliente e Marcelo Cavalcante, que foi representante do governo Yeda em Brasília e apareceu morto no Lago Paranoá, em fevereiro. A defesa tenta mostrar que Lair já havia tomado iniciativas para alertar autoridades.

O site da ¿Zero Hora¿ divulgou ontem suposto trecho da gravação entre Ferst e Cavalcante.

O diálogo refere-se à casa da governadora. Marcelo diz: ¿Uma vez ele falou: `Marcelo, ó, fechamos a compra da casa da governadora¿. O que ele havia colocado, assim, foi que ele pôs R$ 1 milhão¿.

MPE não encontra ilegalidade na compra da casa de Yeda Um das denúncias que Ferst teria encaminhado ao MP é que a compra da casa da governadora teria sido feita com dinheiro de caixa dois. Seriam R$ 400 mil doados por duas fumageiras, sem recibo, depois da eleição. O Ministério Público do Estado investigou a compra da casa e nada encontrou de irregular.

Além de Yeda, são acusados de improbidade o marido dela, Carlos Crusius, o presidente do Tribunal de Contas do Estado, João Luiz Vargas, o deputado federal José Otávio Germano, os deputados estaduais Frederico Antunes e Luiz Fernando Záchi, a assessora Walna Meneses, o ex-secretário-geral do governo, Delson Martini, o diretor do Banrisul e tesoureiro da campanha de Yeda, Rubens Bordini.