Título: Carteiras de estudante rendem milhões
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 09/08/2009, O País, p. 11

MEC não tem convênio com UNE e diz ter divergência com entidade

BRASÍLIA. Além dos repasses do governo federal, a UNE estima faturar R$ 4,2 milhões com receitas próprias este ano. A maior parte desse dinheiro sairá da emissão da carteira de estudante, que dá direito ao beneficiado pagar meia entrada em shows, cinemas, teatros, circos e eventos esportivos. A entidade calcula que venderá 450 mil dessas carteirinhas este ano e prevê arrecadar R$ 2,7 milhões apenas com esse negócio.

O preço de cada unidade da carteira varia por região: custa R$ 2 no Piauí e R$ 10,70 em São Paulo. O Sudeste tem o maior volume comercializado, com 410 mil unidades. A região garante também o maior faturamento, assegurando R$ 2 milhões para a entidade.

O novo presidente da UNE, o estudante da USP Augusto Chagas, defende o repasse de recursos públicos para a entidade e chama de patrocínio os convênios firmados entre a entidade com os ministérios. Augusto afirmou que a injeção de dinheiro público na UNE não fere a sua autonomia nem as bandeiras históricas da entidade.

¿ É uma grosseria acusar a UNE de abandonar posições históricas por receber dinheiro do governo. A UNE dialoga com o governo Lula pela origem do presidente e sua trajetória no movimento sindical. Lula respeita a sociedade civil, mas nem por isso concordamos com tudo o que o governo faz ¿ disse.

MEC diz tratar entidade como sindicato O dirigente da UNE afirmou que a entidade não é totalmente alinhada com o governo e disse que os estudantes já pediram a demissão do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e citou ações do Ministério da Educação às quais se opõem.

¿ Somos contra esse acordo do ministério com o BNDES, que, na verdade, que vai beneficiar faculdades privadas. São instituições nas quais, da catraca pra dentro, os donos agem como déspotas, imperadores que fazem o que bem querem e não prestam conta a ninguém.

O Ministério da Educação informou que a relação com a UNE é pontual e que trata a entidade como um ¿sindicato¿. A assessoria do MEC afirmou que há muitas divergências entre o ministério e a UNE; uma delas é a carteira de estudante. Para o MEC, a carteira não deveria existir e todas as pessoas com até 18 anos deveriam pagar meiaentrada em eventos.

Chagas disse que a carteira é o principal instrumento de arrecadação da UNE. E que pretende criar um conselho para fiscalizar as contas da entidade, convidando entidades como a OAB.

(Evandro Éboli)