Título: Senado: guerra silenciosa nos bastidores
Autor: Camarotti, Gerson; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 09/08/2009, O País, p. 4

Com saída de Agaciel, servidores que ficaram em lados opostos disputam cargos

BRASÍLIA . Há dois meses, quando o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), já atolado em denúncias, deu carta branca ao 1osecretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), para fazer uma reforma administrativa e tirar de postos de comando aliados do ex-diretor Agaciel Maia, os irmãos Júlio e Jansen Pedrosa, até então manda-chuvas na Gráfica, entraram no gabinete do recém-nomeado diretor-geral, Haroldo Tajra. Bradaram ameaças. O episódio, relatado por servidores do gabinete, mostra que, longe dos holofotes, há uma guerra de servidores pelos cargos da Casa.

Guerra estimulada por pessoas próximas a Sarney e Renan Calheiros (AL), líder do PMDB, inconformadas com o poder de Heráclito. A disputa se dá entre servidores antigos que ficaram em lados opostos após a queda de Agaciel.

Estão na mira dos que desejam manter o poder de antes Florian Madruga, o substituto de Júlio Pedrosa, e Haroldo Tajra.

Ambos foram nomeador por Heráclito para resolver problemas como contratos superfaturados, atos secretos e irregularidades reveladas nos últimos meses.

Segundo servidores da gráfica ouvidos pelo GLOBO, Jansen Pedrosa, que era lotado na Diretoria Geral com Agaciel, ao saber da exoneração, foi ao gabinete de Tajra. Disse que rasgaria o ato de sua exoneração e gritou, segundo testemunhas: ¿ Vocês vão ver a minha força aqui dentro! Procurados, os envolvidos não deram entrevista.

A disputa ecoa nos partidos.

O PMDB reclama e lembra que as diretorias foram repassadas a Heráclito na condição de o DEM manter o apoio político a Sarney, o que não aconteceu.

¿ Administrar com competência pode machucar. Fizemos uma licitação que reduziu um contrato de R$ 23,3 milhões para R$ 8 milhões. Não tomo decisão sem consultar Sarney ¿ rebate Heráclito.