Título: As ligações perigosas de Paulson
Autor: Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 10/08/2009, Economia, p. 13

No auge da crise, ex-secretário do Tesouro falou 24 vezes com Goldman Sachs NOVA YORK. Ao assumir o Departamento do Tesouro no governo George W. Bush, em 2006, Henry Paulson vendeu todos os seus papéis do Goldman Sachs, o banco de investimentos que comandara, e afirmou que evitaria ter contato com executivos de lá durante seu mandato. Mas cópias de sua agenda, obtidas pelo ¿New York Times¿ graças à Lei da Liberdade de Informação, mostram que, no auge da crise, Paulson manteve contatos frequentes com o diretor-executivo do Goldman, Lloyd Blankfein.

Em 16 de setembro, a seguradora AIG recebeu do governo US$ 85 bilhões, dos quais o Goldman, como credor, levou US$ 13 bilhões. Entre 16 e 21 de setembro, pelos registros dos telefonemas, Paulson falou com Blankfein 24 vezes, muito mais do que com executivos de outros bancos, como Merrill Lynch e Morgan Stanley. Só no dia 16 foram cinco telefonemas, o primeiro às 9h10m.

Michele Davis, porta-voz de Paulson, disse que ele está escrevendo suas memórias e não pode dar entrevistas.

Mas ressaltou que o socorro à AIG foi conduzido pelo Federal Reserve (Fed, o BC americano), não por Paulson.

No entanto, dois funcionários graduados do governo afirmam que a operação foi decidida em conjunto por Paulson e Fed, nos dias 13 e 14 de setembro. E que já se sabia que parte do dinheiro iria para o Goldman.

¿ Para mim é claro que houve conflito de interesses.

Mesmo que ele não tivesse dinheiro no Goldman, tinha interesse em seu sucesso ¿ afirmou o deputado Cliff Stearns. (Do New York Times)