Título: PF indicia ex-diretor do Senado por fraude em empréstimos consignados
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 11/08/2009, O País, p. 4

Zoghbi é acusado de favorecer empresa do filho e usar ex-babá como laranja

BRASÍLIA. A Polícia Federal indiciou ontem o ex-diretor de Recursos Humanos do Senado João Carlos Zoghbi por concussão (extorsão ou peculato cometido por empregado público no exercício de suas funções), inserção de dados falsos no sistema e formação de quadrilha.

O ex-diretor é acusado de direcionar empréstimos consignados em folha de pagamento para a Contact Assessoria de Crédito, empresa que pertenceria a um de seus filhos, entre outros crimes. Se condenado, Zogbhi está sujeito a pena de até 23 anos de prisão. Ele foi indiciado após depor ao delegado Gustavo Buquer, responsável pelo inquérito sobre o caso.

A PF deve indiciar outras cinco pessoas acusadas de envolvimento no negócio dos empréstimos consignados no Senado. O delegado planeja concluir as investigações até o fim do mês.

Depois, enviará o relatório à Justiça Federal. Buquer decidiu indiciar Zogbhi com base em depoimentos de servidores do Senado e de documentos. Para a polícia, são fartas as provas de que Zoghbi burlou a lei ao autorizar a concessão de empréstimos consignados em folha acima de 30% do valor dos salários de cada servidor interessado no negócio. Pelas regras internas do Senado, os empréstimos não poderiam comprometer mais que 30% da renda do servidor.

Pelas investigações, Zoghbi usava artifícios para ampliar a margem de empréstimos desde que os servidores endividados buscassem os recursos por intermédio da Contact. A empresa tinha entre os sócios Maria Izabel Gomes, de 83 anos, ex-babá de Zoghbi. À PF, o ex-diretor disse que a empresa pertence ao filho Marcelo Zoghbi e que caberia a ele explicar a presença da babá entre os sócios. Uma das peças-chave para o indiciamento de Zogbhi por concussão foi a ex-babá. Ela negou ter vínculo com a empresa.

O ex-diretor ainda foi acusado de inserir dados falsos no sistema de controle de pessoal do Senado para driblar restrições internas e autorizar empréstimos acima do limite permitido.

Como contava com a ajuda de outras pessoas para cometer os supostos crimes, Zogbhi foi indiciado ainda por formação de quadrilha. O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, minimizou a importância do indiciamento do cliente.

Segundo ele, as acusações serão rechaçadas pela Justiça Federal porque, de acordo com ele, não há lei que proíba os servidores do Senado a comprometer mais de 30% do salário com empréstimos consignados. A restrição seria válida só para servidores do Executivo, disse.

¿ Vamos derrubar o indiciamento facilmente na Justiça. Várias pessoas tinham poder de autorizar empréstimos acima da margem de 30%.