Título: Um bilionário sem nada no banco
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 13/08/2009, O País, p. 3

SÃO PAULO.

Na ação que corre na Justiça paulista, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) chama a atenção para o fato de, no cadastro da Receita Federal, o fundador da Igreja Universal, Edir Macedo, ter participação apenas na Rádio Copacabana, ¿não sendo ele responsável por nenhuma outra empresa¿. Também não há registro de aquisições imobiliárias em seu nome entre os anos de 1996 e 2007, segundo o Coaf, assim como não foi encontrado qualquer registro de operações financeiras.

Mas o Coaf estima que Macedo tenha patrimônio avaliado em US$ 2 bilhões ¿ cerca de R$ 3,8 bilhões.

Chama a atenção das autoridades brasileiras a falta de lastro financeil

ro de Macedo nos órgãos de controle, como investimentos, ações ou depósitos para justificar a fortuna.

A investigação realizada pelo Ministério Público de São Paulo indica que a Universal comanda várias empresas de comunicação e até uma de táxi aéreo, a Alliance Jet, no interior de São Paulo. Macedo teria sido sócio do expastor Marcelo Pires na aquisição da TV Itajaí, de Santa Catarina.

Em 2008, Pires contou ao Ministério Público que foi intimidado por seguranças da igreja ao se recusar a assinar papéis de empresas controladas pela Universal na qual figurava como sócio laranja. Pires disse que era impedido de ler os documentos que assinava.

A ordem seria de Macedo, réu ao lado de mais nove pessoas em processo de lavagem de dinheiro.

Fiel da Universal desde 1981 e consagrado pastor por Macedo, Pires relatou o surgimento das empresas controladas pelo bispo. Segundo ele, Macedo comprava empresas ¿do interesse da igreja¿ e punha pessoas de confiança como sócios laranjas. Em 1996, Pires teria sido convidado por Macedo a ser sócio das TVs Itajaí e Xanxerê, em Santa Catarina. Em 1997, virou sócio da Unimetro, que geria imóveis da Universal e é citada na ação. A Universal foi procurada, mas, segundo a assessoria, a única pessoa autorizada a falar é o advogado Arthur Lavigne, que não respondeu às ligações. (Flávio Freire e Ricardo Galhardo)